terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mortemia - Misere Morten

          Morten Veland pode ser considerado um gênio do que se convencionou em chamar de Symphonic Gothic Metal. Sendo um dos precursores do estilo no meado dos anos 90 com o Tristânia, Veland fez dois discos excepcionais com esta banda que fundou, que ajudaram a moldar um conceito que influenciou toda uma geração de bandas que se espelharam em seu trabalho. Mas depois de ser chutado do Tristânia resolveu usar elementos mais Heavy com sua nova banda, o Sirenia. E agora com mais de 18 anos de experiências musicais, Mortem investiu em um trabalho solo, intitulado Mortemia, que agrega um pouco de tudo o que ele já fez nesses anos de estrada.
         A ideia central deste “Misere Mortem” é que ele remetesse ao segundo trabalho de estúdio do Tristânia, “Beyond The Veil” (1998). E de fato ele conseguiu, já que existe muito enfoque para os corais e orquestrações cheias de peso e intensidade, tudo muito bem balanceado com o instrumental bastante Heavy. Seria errado dizer que ele quis copiar talvez seu melhor disco na carreira, já que mesmo com tais similaridades, ainda existem diferenças gritantes entre ambos. As composições são pomposas, cheias de grandiosidade, o que difere bastante da soturnidade e opressão do Tristânia. Não temos uma vocalista, não temos esse contraste que ficou tão característico. Ou seja, tem pequenos retratamentos do passado, mas que englobam novas ideias e formas de composição.
       Morten se responsabilizou por absolutamente tudo. Gravou e mixou todos os instrumentos em seu estúdio particular na Noruega. A única participação externa foi a de um coro francês. E toda essa liberdade de composição e de produção nos traz um trabalho bastante particular, que mesmo rememorando fases de outrora, tem um ar único e bastante interessante. O fato de não usar uma vocalista foi completamente acertado, pois no meio saturado que está do Gothic Metal, esse tipo de inovação é muito bem vinda. O vocal extremo de Mortem se contrasta com o coral dramático de uma forma impressionante, que nos leva por uma viagem à cerne humana, passando sentimentos de dor, culpa, opressão, remorso e muito mais. Mas reforço: tudo de forma bombástica e grandiosa.
       Não temos faixas muito longas ou interlúdios. Praticamente todas seguem um mesmo padrão, mas sem soar em momento algum repetitivo. A guitarra de Mortem está muito evidente, mais do que qualquer outro de seus trabalhos anteriores. E isso se vê claramente nas faixas 'The One I Once Was' (Do qual foi feito um clipe muito bom, elegante, e principalmente instigante), 'The Malice of Life's Cruel Ways', 'The Chains That Wield My Mind' e 'The Vile Bringer Of Self Destructive Thoughts'. E vale também destacar a curiosa faixa 'The Eye Of The Storm' com sua introdução de flauta que depois desanda numa explosiva batalha entre coral e canto gutural. Talvez a melhor do disco.
Ponto positivo para a belíssima arte gráfica, muito elegante, soturna e que retrata muito bem o conceito por trás das letras das músicas.
    Enfim, um disco maravilhoso. Uma perfeita junção da grandeza do clássico com a solidez e o peso do metal, tudo envolto pela modernidade e dinamismo do metal contemporâneo, mas sem perder o brilho e a força do que foi feito no passado. “Misere Mortem” mostra que esse gênio chamado Morten Veland tem ainda muita lenha para queimar.
Nota 9

Track List:

  1. The One I Once Was – 4:46
  2. The Pain Infernal And The Fall Eternal – 5:16
  3. The Eye Of The Storm – 5:10
  4. The Malice of Life's Cruel Ways – 5:02
  5. The Wheel of Fire – 4:09
  6. The Chains That Wield My Mind – 4:30
  7. The New Desire – 3:50
  8. The Vile Bringer Of Self Destructive Thoughts – 3:52
  9. The Candle At The Tunnel's End – 4:00





(originalmente publicado no site Whiplash.net)

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