Jon Oliva é uma lenda viva. Ajudou a fundar uma das bandas mais influentes da história do Heavy Metal, o Savatage, em idos dos anos 80. Mesmo a banda não tendo o reconhecimento que mereceria, é uma das maiores e mais importantes de todos os tempos, tendo influencido gerações de bandas nas décadas seguintes. Com o fim definitivo do Savatage em 2001 (ou ao menos uma pausa que se estende até hoje e sem previsão de retorno), Jon começou uma nova empreitada, o Jon Oliva's Pain.
Com esta banda nova Jon explora novos horizontes e sonoridades, sem tentar ser uma cópia descarada do que ele já fizera no seu passado dourado com o Savatage. Este “Festival” é o quarto registro da banda, e o primeiro a ter realmente alguma notoriedade e aceitação positiva, já que os anteriores causaram bastante desconfiança entre os fãs e a crítica, em razão de seus experimentalismos estranhos e não muito bem sucedidos. Porém desta vez Jon acertou a mão, criando um disco de Heavy Metal da melhor qualidade, extremamente criativo, mas que não apela para invencionices sem pé nem cabeça, num resultado primoroso, elegante de um bom gosto incrível.
'Lies' abre a audição mostrando que o Rei da Montanha não veio para brincadeira. Uma música pesada, de riff's legais e todo um clima criado juntamente com as linhas de teclado do próprio Jon. Melhor início impossível. Em seguida temos a melhor do disco, 'Death Rides a Black Horse', que já começa com uma levada sombria de guitarra, mais teclados atmosféricos e flutuantes que compõe um clima obscuro e mesterioso, e uma interpretação irreprensível do vocalista, dando a entender que encontra-se ainda no auge de sua voz. Uma música fabulosa, de refrão grandioso que fica ecoando pela cabeça durante muito tempo. Sim, a melhor do disco.
O play segue com a faixa-título, que segundo o próprio autor foi inspirada num pesadelo que teve num hotel holandês há alguns anos (e o tema acabou influenciando toda a temática do disco). Assim como um pesadelo, é uma música bastante escura, assim digamos, soturna, e pertubadora, com afinações e timbres diferentes do usual. Uma bela música que encara bem a tarefa de ser o título do trabalho. E por falar em soturnidade, 'Afterglow' leva o termo ao pé da letra. Inicia como uma baladinha bonitinha, como um belo dia de sol, mas que aos poucos vai escurecendo até se tornar uma noite escura e cheia de assombrações. Numa tradução livre significaria algo como “após o brilho”, e com o clima que ela tem, é um termo mais que apropriado.
As guitarras de 'Living on the Edge' são bem mais destacadas em relação aos elementos climáticos, soando bem heavy, direta e sem firulas. Mais um dos pontos altos do disco. E depois vem uma bonita balada, 'Looking for Nothing', mostrando um Jon que sabe variar bem seus tons de voz ao cantar, com uma interpretação completamente limpa e cristalina. Tem um instrumental bem simples, mas repleto de feeling e bom gosto. Uma bela pérola no meio deste mar de obscuridades e pesadelos.
É pesadona e raivosa a faixa subsequente, 'The Evil Within'. Mais guitarras destacadas, alguns corais discretos próximos ao refrão, Jon cantando demais e com certeza repleta de figuras assombrosas dos mais tenebrosos pesadelos. 'Winter Heaven' é outra que começa suave e tranquila, mas que ao longo do tempo vai sendo deformada até virar uma cena caótica de distorções e peso, vocais insanos e uma imagem de uma paisagem de inverno cinzenta onde algo macabro acontece. Belíssima canção.
Somos conduzidos para o final do disco com 'I Fear You', muito pesada, cheia de distorções e teclados, e com um refrão nada melódico, mas que fica bem grudado na cabeça, numa interpretação magistral de Jon, que sabe dosar raiva com leveza perfeitamente. E para terminar temos mais uma ótima balada. 'Now' se diferencia porque reune elementos bem soft's com algumas coisas mais pesadas, com sutileza, dando uma cara única a ela, fechando o disco com classe, como se acordassemos de uma noite de sono tumultuada.
Vale ressaltar que algumas das músicas deste “Festival” foram criadas a partir de gravações antigas Criss Oliva, irmão de Jon e guitarrista do Savatage, que acabou falecendo num acidente de carro nos anos 90. Uma forma muito digna de homenagea-lo já que provavelmente o Savatage não voltará a se reunir.
Baita disco, bastante variado e criativo, que deve agradar os fãs do finado Savatage e também a quem admira este grande sujeito que está na história do Metal mundial.
O Jon Oliv's Pain é:
Jon Oliva – Vocais e teclados
Matt Laporte – Guitarra
Tom McDyne – Guitarra
Kevin Rothney – Baixo
Chris Kinder – Bateria
Track List:
- Lies (6:19)
- Death Rides a Black Horse (6:15)
- Festival (4:59)
- Afterglow (6:50)
- Living on the Edge (5:10)
- Looking for Nothing (3:05)
- The Evil Within (5:15)
- Winter Heaven (7:38)
- I Fear You (5:11)
- Now (4:23)
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