terça-feira, 7 de junho de 2011

Amorphis - The Beginning of Times

    Outrora o Amorphis era uma banda de Death Metal. Os anos foram passando e a discografia deste finlandeses se tornou uma verdadeira odisséia sonora e artística. Do Death raivoso e virulento chegamos neste mix de Gothic, Folk, Progressivo e arremendos do que um dia foi as raízes da banda. Eu não me importo nem um pouco com essas mudanças bruscas de sonoridade, e por isso digo que mais uma vezes eles se superaram.
     A banda vem sendo aclamada pela crítica já a muito tempo, mesmo com tantas mudanças. Como já disse várias vezes, a maneira de se manter no topo é ousar, ir contra o senso comum e não ter medo de arriscar. O disco anterior, “Skyforge” (2009), fora muitíssimo bem recebido, sendo considerado o ponto alto da carreira deles. Muito bem, atrevo-me a dizer que este “The Beginning of Times” chegou para tomar este posto na discografia do Amorphis.
     Mais uma vez o pano de fundo das canções é o Kalevala, tradicional epopéia nacional finlandesa. Essa ideia de folclore e lendas geralmente faz o ouvinte desavisado pensar que o que virá pela frente é um som grandioso, épico, de grandes hinos impactes e canções de batalha. Mas não é bem esse o caso do Amorphis. As faixas de “The Beginning of Times” reunem uma brilhante junção de folk, gothic melancólico e soturno, aspectos progressivos e saudosistas menções ao death primordial. Tudo isso construído numa forma retilínea e cosnsistente, sem nunca ser soturno demais ou exagerar na grandiosidade, com personalidade latente e criatividade.
      As 3 primeiras faixas mostram muito bem esses aspectos. 'Battle for Light', 'Mermaid' e 'My Enemy' denotam toda a versatilidade dos músicos, colocando bastante peso nas canções, mas sem nunca perder de vista um feeling maravilhoso, profundo, intenso. Temos bons riffs, bateria sempre intensa e marcante, baixo um pouco discreto demais e variações vocais muito interessantes.
       'You I Need' é o primeiro single. As linhs de teclado criam um clima muito legal, se mantendo presentes ao fundo por toda a canção. O refrão é empolgante, fácil de acompanhar e contruído inteligentemente. Um dos grandes destaques do play.
      A dupla 'Song of the Sage' e 'Three Words' tem muito peso e técnica, com batante influência progressiva nos riffs e linhas de teclado. Destaque para o vocal de Tomi Joutsen, absolutamente versátil e com muita firmeza em suas atuações. 'Reformation' e 'Soothsayer' mantem o nível lá em cima, e nestas gostaria de mencionar a grande execução do baterista Jan Rechberger, que propocia um peso fabulsoso para as canções. E com isso é preciso destacar os guitarrista Esa Holopainen e Tomi Koivusaari, porque junto ao peso temos riffs que conseguem soar suaves e marcantes, criando um clima obscuro maravilhoso.
      Outra faixa muito bela é 'On a Stranded Shore', de riffs simples mas tocantes. Vocal inspírado, forte sem soar agressivo. 'Escape' já começa soturna, vai crescendo e se torna um petardo de peso e intensidade; grande faixa. 'Crack In a Stone' é bem calcada no prog, com uma certa atmosfera doom, pesada e de vocais agressivos mais evidentes. Baterista e guitaristas mandando muito bem. Outro grande destaque do álbum.
      E a faixa-título encerra audição. Uma música madura, de peso e feeling perfeitamente combinados. Tem algumas quebras interessantes. Instrumental impecável e muito trabalhado. Finalização de alto estilo.
      É preciso dizer que é um disco longo. Doze faixas de tamanho médio, que pode soar um pouco cansativo para alguns ouvintes. Mas isso não configura um problema ao meu ver, já que uma vez entrando no clima do álbum e se deixando levar pel magia das músicas a audição corre fluente e e agradável.
     Uma impressão que me ficou deste trabalho é que soa comose fosse uma mistura de Paradise Lost com Opeth. Não sei se é fato ou só impressão minha, mas se fosse, seriam duas influências das mais dignas.
     O Amorphis é uma das melhores bandas da atualidade, querendo ou não admitir os xiitas fãs do começo da carreira, e este disco é forte concorrente a um dos melhores de 2011. Deve chegar em breve nas prateleiras da lojas brasileiras. Confira!

O Amoprhis é:

Tomi Joutsen – Vocal
Esa Holopainen – Guitarra
Tomi Koivusaari – Guitarra
Niclas Etelävuori – Baixo
Santeri Kallio – Teclado
Jan Rechberger – Bateria


Track List

  1. Battle for Light (05:35)
  2. Mermaid (04:24)
  3. My Enemy (03:25)
  4. You I Need (04:22)
  5. Song of the Sage (05:27)
  6. Three Words (03:55)
  7. Reformation (04:33)
  8. Soothsayer (04:09)
  9. On a Stranded Shore (04:13)
  10. Escape (03:52)
  11. Crack in a Stone (04:56)
  12. Beginning of Time (05:51)





  

segunda-feira, 6 de junho de 2011

MaYan - Quarterpast

       É fato conhecido por praticamente todos os fãs que Mark Jansen é a principal mente criativa por trás do Epica. Dessa forma, fiquei ligeiramente surpreso quando soube que ele pretendia lançar um projeto paralelo, este tal de MaYan. O que não me deixou nem um pouco surpreso foi a temática envolvida; é impressionante a fixação dele pelo povo e cultura Maia. Mas picuínhas a parte, vamos ao que interessa.
     Este “Quarterpast” soa como uma espécie de Epica mais calcado no Death Metal Melódico que ficou um tanto quanto mais proeminente com a entrada do guitarrista Isaac Delahaye e do baterista Ariën Van Weesenbeek em 2007. Na minha opinião isso foi um acerto, já que se era pra fazer uma coisa que fosse extatamente igual a sua banda principal, que este disco fosse lançado pelo Epica. Mas em contrapartida as participações especiais podiam ter sido um pouco mais originais, botar nos vocais de apoio de algumas faixas Simone Simons e Floor Jansen foi de uma obviedade de certa forma frustrante.
     Seria-se de se supôr que sendo este um trabalho com o selo criativo de Mark Jansen teríamos na abertura um prelúdio sinfônico e grandioso, no melhor molde de trilha sonora épica de cinema. Mas foi uma agradável supresa ver que os trabalhos começam diretos e retos, logo de cara com uma paulada chamada 'Symphony of Agression'. Os primeiros instantes da canção lembram muito a negra aura sinfônica dos trabalhos mais recentes do Dimmu Borgir, despejando riffs densos e muito pesados, com a bateria metralhante de Ariën sendo devastadora como sempre e os vocais agressivos de Mark, com destaque infinitamente maior que no Epica. Ponto negativos o vocal de apoio feminino, desnecessário na minha opinião.
       Creio eu que muitos fãs do finado After Forever terão uma forte sensação de nostalgia com a introdução de “Mainstray Of Society - In The Eyes Of The Law Corruption”, que me soa muito como algumas faixas dos primeiros trabalhos da citada banda. É menos impactante que a primeira, mas tem bastante peso e agressividade também. Faixa na média. 'Quarterpast' é um interlúdio, daqueles soturnos e climáticos, e felizmente não aleatório.
     Já 'Course of Life' é uma grande canção. Os vocais de Floor são muito mas interessantes e participativos, o vocal limpo de Henning Basse é muito bom, bastante operístico e teatral. O instrumental é absolutamente preciso e esbajando peso para todos os lados. Logo em seguida chega outra pedrada: “The Savage Massacre - In The Eyes Of Law Pizzo”. Acho muito bom ouvir o Mark com tanto destaque, a interpretação dele é muito boa, uma atuação com desenvoltura e imponente.
       Mais um interlúdio para a coleção: 'Essenza di Te'. Bacana, nada mais que isso. Na cola do interlúdio vem 'Bite the Bullet', uma música um pouco mais reta, assim digamos, também bastante pesada e de intrumental impecável. A seguinte, 'Drown the Demon', foi a primeira a ser divulgada há alguns meses. Na primeira audição me soou Epica demais, impressão que ainda me é constante. Não é demérito nenhum, mas acaba parecendo uma faixa meio deslocada. Mas de qualquer forma é um grande som!
      E 'Celibate Aphrodite' foi bem na contra-mão. Foi a segunda a há ser divulgada, alguns dias antes do lançamento, e para mim não lembra quase nada o Epica (tirando o vocal feminino, claro). As orquestrações são brilhantes, o gutural de Mark é espetacular, o vocal limpo de Henning lembra bastante o grande mestre Jon Oliva com todo sua magia teatral. Os guitarristas destroem com riffs rasgantes e solos inspirados, e a bateria é demolidora como sempre (Ariën é disparado um dos meus bateristas favoritos).
       A última faixa em si do disco é 'War On Terror - In The Eyes Of The Law Pentagon Papers', que começa com inusitados instrumentos, num tom de bandinha de coreto de cidade do interior. Porém é passageiro, e logo somos esmagados por mais e mais doses de peso cavalar. Não é preciso dar maiores explicações, com orquestrações ainda mais grandiosos é um desfecho imponente. E pra fechar a conta temos 'Tithe', uma curtíssima base de piano, que me fz supor que seja o gancho para algum futuro trabalho do conjunto.
      Seria um disco perfeito se Mark não fosse tão preso a alguns clichês que ele prórpio ajudou a criar. Vários momentos são idênticos a coisas que ele fizera no After Forever e faz no Epica, que acabou soando um pouco genérico. Mas isso não estraga o álbum, de forma nenhuma, consideremos isso como tão somente um pequenos deslize ou força de um hábito difícil de largar.
      Outro ponto que eu gostaria de comentar é que, mesmo estas composições sendo consideravelmente mais pesadas que o padrão Epica, as músicas poderiam ter ainda mais peso. Acredito que seria ainda mais impressionante se houvesse um quê de Death Metal tradicional mais intenso. Guitarra realmente sujas, algo de mais visceral e virulento, talvez até um pouco de podridão bem dosada seria fantástco na proposta do MaYan.
      Mas enfim, ficou absurdamente bom de qualquer maneira. Mark Jansen é um dos grandes gênios do metal sinfônico contemporâneo, sabe muito bem o que quer e o que pode fazer.
        E como as duas coisas são praticamente inerentes, é recomendado para fãs de Epica. Se for seu caso, compre que é satsifação garantida.


O MaYan é:

Mark Jansen – Vocais
Isaac Delahaye – Guitarra
Frank Schiphorst – Guitarra
Rob van der Loo – Baixo
Jack Driessen – Teclados e vocais
Ariën Van Weesenbeek – Bateria e vocais

Convidados:

Floor Jansen (Revamp) – Vocais
Simone Simons (Epica) – Vocais
Hennin Basse (Sons of Season) – Vocais
Jeroen Paul Thesseling – Fretless Bass
Laura Macrì (cantora lírica) – Vocais (soprano)


Track list:

  1. Symphony Of Aggression (07:49)
  2. Mainstay Of Society (In The Eyes Of The Law: Corruption) (05:25)
  3. Quarterpast (01:35)
  4. Course Of Life (06:10)
  5. The Savage Massacre (In The Eyes Of Law: Pizzo) (05:28)
  6. Essenza Di Te (02:06)
  7. Bite The Bullet (05:19)
  8. Drown The Demon (05:00)
  9. Celibate Aphrodite (07:20)
  10. War On Terror (In The Eyes Of The Law: Pentagon Papers) (04:25)
  11. Tithe (00:52)










sexta-feira, 3 de junho de 2011

Týr - The Lay of Thrym

       Com certeza o Týr é uma banda que surpreende. A começar por seu país de origem. Sinceramente, o que você caro leitor saberia dizer sobre o remoto arquipélago de Ilhas Faroé? Pois é, sem o velho amigo Google eu também não saberia. Fica entre a Escócia e a Islândia, e em tempos passados já fora parte do reino dinamarquês. E surpreende também pelo som que faz, de fato nunca antes ouvira algo parecido cm a música que eses caras de um lugar tão remoto fazem.
      Misturar vertentes é muitas vezes a fórmula para fazer música de destaque em meio ao marasmo e a mesmice em que cenário metálico se tornou. E o Týr conseguiuse tornar um gigante na europa graças a isso, e agora aos poucos começa a tomar conta do mundo inteiro. Eles conseguem fazer uma mescla incrível da grandeza do metal sinfônico, uma veia progressiva muito latente e toda a magia e encanto que só o folk metal do norte europeu consegue transmitir.
      E essas características foram sendo construídas ao longo de quase 10 anos, e atingiu seu ápice agora, com este fabuloso “The Lay of Thrym”, que é uma fusão perfeita de tudo que eles já aprontaram pelo mundo Heavy Metal.
      O disco já começa direto e reto, sem intro ou faixa ambiental de abertura. 'Flames of the Free' já dá o tom do que se vai ouvir no decorrer da audição. Tem riffs precisos, bom trabalho de baixo e bateria simples porém bem colocada formando uma boa base. O refrão é meio quebrado, pendendo para o lado mais progressivo, e o vocal é apenas de Heri Joensen, mas até parece que é um pequeno coro cantando. Muito boa abertura.
     Se a primeira denota um pouco mais da faceta progressiva, a segunda, 'Shadow of the Swastika' é bem mais calcada no folk. A atuação do baterista Kári Streymoy é bem mais destacada, bastante cavalgada e empurrando o peso da canção para o alto. Os riffs são mais complexos, com bons solos. O clima é o de um hino de batalha, muito épico!
     E quando a pedida é impacto a faixa seguinte é perfeita para isso. 'Take Your Tyrant' logo de cara começa grandiosa, desandando num instrumental um pouco mais tradicional no metal, mas exalando os louvores a cultura nórdica. O vocalista deixa a voz um pouco mais solta em algumas passagens, propiciando um quê a mais muito bem vindo. Logo a seguir chega 'Evening Star', que nos primeiros acordes mostra a qu é: uma balada épica, digna dos épicos poemas dos escaldos nórdicos de eras passadas. A suavidade do começo vai crescendo e crescendo, até chegar num tocante zênite de grandiosidade e impressividade. Uma belíssima faixa, daquelas que as bandas escandinavas são especialistas em fazer.
     'Fields of the Fallen' tem mais do ar prog, apesar de ser bastante reta e sem muitas variações durante sua duração. Os riffs são densos e compactos, a cozinha discreta mas muito competente, os vocais não ousam muito e o refrão é um pouco menos empolgante que os outros. É uma boa faixa, mas ligeiramente inferior que outros no disco. A música seguinte, 'Konning Hans' tem o diferencial mais interessante, o fato de ser cantada em dinamarquês (pelo menos acredito que seja, espero não estar falando uma imensa bobagem). É bastante épica, com o caráter folk bastante evidente. O vocal mais agressivo em algumas partes. Ótima canção!
      E nessa vibe de cantar em línguas escandinavas também vem 'Ellindur Bóndi Á Jadri', tem mais cara de música festiva adornada de peso. Muito empolgante, com a bateria pegando muito, riffs cortantes e o baixo concretando aos fundamentos para os demais instrumentos. É daquelas de pegar seu caneco de hidromel, levanta-lo aos céus e cantar junto com seus companheiros!
      A reta final do disco se aproxima. 'Nine Words of Lore' é um peculiar meio termo entre a impetuosidade sinfônica e uma certa cadência prog, exalando também bastante do orgulho nortista. Bela canção. E a faixa que dá nome ao trabalho é a que o encerra. 'Lay of Thrym' não é exatamente longa, mas tem o mesmo impacto de algum épico que transpasse os dez minutos. Tem muitas variações, da suavidade de alguns dedilhados até explosões sinfônicas com corais bombásticos e grandisos. Final honroso!
      E ainda temos dois covrsa na versão limitada europeia do disco, 'I' do Black Sabbath e 'Stargazers' do Rainbow. Ambos simplesmente espetaculares. Vale conferir.
     A título de curiosidade: o nome do disco vem de um dos poemas mais famosos da mitologia nórdica, "Þrymskviða" ("A Canção de Thrym"). O poema conta a história do gigante Thrym que rouba o martelo de Thor e exige a deusa Freya como pagamento.
     Quero dar destaque também para a magnífica arte da capa, feita pelo artista Gyula Havancsák, que desde já é uma das candidatas a mais bonita do ano.
      Por fim, um disco de primeira linha, eque se por ventura vier e ter lançamento nacional pode ser adquirido por todos os amantes de boa música.

O Týr é:

Heri Joensen – Vocal e guitarra
Terji Skibenæs – Guitarra
Gunnar Thomsen – Baixo
Kári Streymoy – Bateria


Track List

  1. Flames of the Free (04:17)
  2. Shadow of the Swastika (04:23)
  3. Take Your Tyrant (03:55)
  4. Evening Star (05:04)
  5. Hall of Freedom (04:06)
  6. Fields of the Fallen (04:59)
  7. Konning Hans (04:27)
  8. Ellindur Bóndi á Jaðri (03:55)
  9. Nine Words of Lore (04:04)
  10. The Lay of Thrym (06:48)