terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Tierramystica - A New Horizon

        Existem bandas que se espelham em seus ídolos, e fazem um som que acaba sendo uma cópia espelhada da música já feita por outros nomes, e que tem medo de arriscar, de inovar, de buscar uma cara própria e achar algo que níguem tenha pensado antes. Já outras, as que geralmente conseguem notoriedade e se tornarem grandes dentro da cena do metal buscam algo novo, mares ainda não explorados e o principal , uma identidade própria, não ser só mais uma banda-clone de algum gigante. E é nesse segundo tipo que se enquadram os gaúchos do Tierramystica. Apostando na fusão de heavy metal com elementos da música sulamericana, principalmente das culturas andinas, eles lançam seu primeiro trabalho, “A New Horizon”.
       Alguns poderão dizer que o Shaman já tinha feito isso no seu clásico disco “Ritual” (2002). Eu discordo de tal suposição, já que o Shaman englobava elementos místicos e tribais de várias partes do mundo, de uma forma diferente, enquanto que o Tierramystica se apega às nossas raízes do sul, aos andes, às culturas pré-colombianas e afins. E esse que é o grande diferencial da banda, a sua proposta, a sua identidade e é nisso que é o grande acerto deles: não ter medo de inovar.
        A sua proposta já fica muito bem clara logo na faixa de introdução 'Nueva Casilla'. Música intrumental que mistura os ritmos típicos dos indígenas andinos (principalmente percussões e flautas) com a influência espanhola na América do Sul ao longo de séculos de colonização. Belíssima melodia, que dá o tom e cria o clima para as demais faixas que virão mais adiante. Na sequência vem 'Golden Courtyard (Qori Kancha)', que já começa com muitas flautas e percussões, ao lado de bons e densos riff's de guitarra, bateria bem pegada e toda uma vasta gama de sonoridades distintas, que criam uma atmosfera incrível, única, repleta de peso e vigor misturada com uma veia étnica super latente. Vale ressaltar a impecável atuação de Gui Antonioli, que vai se mostrando como um dos melhores vocalistas brasileiros da atualidade.
     'Celebration to the Sun (Inti Raymi)' é um excelnete powermetal, que soa completamente rejuvenescido pela inclusão da musicalidade sulista; a bateria é perfeita, acelerada, pesada e com ótimas viradas, acompanhada de percussões e flautas por todos os cantos, guitarras e baixo muito entrosados. Excepcional faixa, muito criativa e inspirada. Com a ideia oferecida pela banda, a mítica cidade de El Dorado não poderia ficar de fora dos temas da músicas; e ela dá as caras na fabulosa 'New Eldorado (Qapac Nãn)', mais uma que é powermetal puro, enriquecido com belas melodias e sons exóticos, sendo muito empolgante e com um vigor impressionante.
      A longa 'Spiritual Song' é um poço de misticismo andino, que começa soturna, com flautas misteriosas, sutis linhas de teclado, que aos poucos vão construindo um clima maior, que vai ganhando corpo com as guitarras, o baixo e a bateria, ficando mais denso com os vocais. Ela soa como uma jornada espiritual, onde alguém busca o seu eu, transcendendo o limite do mundo dos meros homens. Faixa sensacional, que consegue ser a perfeita síntese do ideal proposto. Logo depois temos a belíssima balada 'Winds of Hope (Suyanawayra)', que não deixa a desejar no quesito feeling, que tem ótima técnica dos músicos e a bela apresentação mais uma vez de Gui.
       O começo cadenciado, com bonitas linhas de teclado, de 'Wide Open Wings' abre caminho para uma faixa muito elegante, mais cadenciada que as demais, com uma boa dose de peso, flautas e percussões bem colocadas, que conduzem o ouvinte para as belas paisagens sulamericanas. Temos então 'Away from the Dream', que exala sons andinos por todos os cantos, com uma versátil interpretação do vocalista e com mais e mais mostras do belíssimo clima que as inserções de intrumentos poucos comuns são capazes de propiciar, e que na sua reta final fica muito épica e com feeling. A banda se mostra realmente muito inspirada, sendo versátil e de músicos muito talentosos.
      O final fica por conta de 'The Final Rest', que traz o peso e a virtuose com tudo novamente. Conta com um ótimo refrão, bastante empolgante, instrumental afiado e cheio de personalidade. Tem muita técnica, mas sem perder a emoção, e reune de tudo um pouco que se ouviu no play até ali. Um encerramento em altíssimo nível.
       São bandas como o Tierramystica que dão sustenção ao metal brasileiro, que não o deixam perecer de vez em meio a uma cena que vai aos poucos desmoronando. Trata-se de um conjunto com potêncial gigantesco, que tem tudo para estourar no exterior e entrar de vez para o hall dos gigantes do metal brasileiro. E também espero que eles sirvam como exemplos a todos os jovens que sonham em ter uma banda, para que eles não tenham medo de pensar em algo novo, que sejam ousados, com espiríto aventureiro e que evitem ao máximo a mesmice, para mão entrarem no mar de saturação que acaba se tornando qualquer vertente muscial.

O Tierramystica é:

Gui Antonioli – Vocais e percussões
Alexandre Tellini – Guitarra solo, guitarra base, guitarra acústica e zamponãs (tipo de flauta )
Fabiano Müller – Guitarra solo, guitarra base, guitarra acústica e quenãs (outro tipo de flauta)
Duca Gomes – Bateria
Ricardo “Chileno” Duran – Vocais, charango, guitarra acústica, craviola, bombo legüero e ocarinas.
Rafael Martinelli – Baixo
Luciano Thumé – Teclados


Track List

  1. Nueva Castilla (2:32)
  2. Golden Courtyard [Qori Kancha] (6:55)
  3. Celebration to the Sun [Inti Raymi] (5:59)
  4. New Eldorado [Qapac Ñan] (5:51)
  5. Spiritual Song (7:27)
  6. Winds of Hope [Suyanawayra] (4:45)
  7. Wide Open Wings (6:45)
  8. Away From the Dream (5:04)
  9. The Final Rest (4:49)




E eles ao vivo também são incríveis! Domingo agora na abertura do Angra botaram pra quebrar. E comprei o CD lá, 10 reais, barbada!
Parabéns igualmente para a Daydream IX pelo ótimo show!

E o Angra foi sensacional, apesar das falhas técnicas que atrasaram o show, mas de qualquer forma  foi maravilhoso.

Um comentário:

  1. Bota potencial nisto!

    Parabéns ao Tierramystica pelos ótimos e maravilhosos shows que estão proporcionando a todos nós!

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