quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ecliptyka - A Tale of Decadence

      Temos aí uma nova promessa do metal brasileiro. Recebi um e-mail esses dias com um material de divulgação do Ecliptyka (de Jundiaí, interior de São Paulo) e fiquei interessado pelo que li. E além disso, já tinha ouvido bons comentários a respeito da banda pela abertura do show da Tarja Turunen em São Paulo recentemente.
       Muito bem, fui atrás do debut, este “A Tale of Decadence”, e de fato fiquei bastante impresionado com que ouvi nas treza faixas que compõe o track list do disco. A banda consegue com muita naturalidade unir diversas influências do heavy metal, mais latentemente gigantes como Nightwish e Epica, mas sem em momento nenhum soar uma cópia do som das bandas europeias. Tem uma sonoridade moderna, bem pensada, original e inspirada.
      A abertura fica a cargo da intro 'The Age of Decadence', que é uma base de piano, que aos poucos cresce com ligeiras passagens sinfônicas. Cria um clima legal, que carrega o ouvinte para dentro do disco. Em seguida já chega a pesada 'We are the Same', que logo de cara mostra uma faceta de death melódico sueco, com os guturais de Guilherme Bollini muito bem exectuados, e a interpretação solta e talentosa de Helena Martins. Muito boa faixa que logo causa boa impressão.
       A audição prossegue com 'Splendid Cradle' (boa sacada esse título). Tem ótimos riffs, atuação marcante de Tiago Catalá na bateria e mostra que Guilherme tem versatilidade vocal, mandando muito bem também na interpretação limpa. Grande faixa! Logo após vem 'Fight Back', mais um petardo, esbanjado peso e raiva, mas que fica muito bem balanceada com a interpretação de Helena, que é de força e energia, mas sem perder uma interessante leveza.
      'Dead Eyes' começa misteriosa, com batidas fortes na bateria. Logo se juntam mais riffs muito bons, linhas de baixo coesas e precisas, criando outra bela canção pesada. Tem um andamento legal, bastante agitada, e o vocal mais cadenciado de Helena dá um ar que remete a algumas canções do Epica, mas sendo completamente original e de atitutude. 'Echoes from War' é um interlúdio que eu achei um pouco desnecessário, que poderia ser deixado de lado para que o audição fluísse melhor. Mas enfim, soa interessante ao menos.
        E mais uma pedrada! Desta feita temos 'Hate', que é logo arrasadora, violenta e empolgante. O vocal de Helena agora pende um pouco para o lírico, mas sem exageros, e mesclados com os guturais fica um resultado excelente. A seguinte é 'Why Should They Pay?', esta mais melódica, de riffs certeiros e bem construídos, gutural saliente e importante, também agitada e com bastante vigor. Ótima faixa, acredito que daria um bom single com vídeo clipe.
       Intensidade e força são os melhores adjetivos para 'Look at Yourself'. Guitarras distorcidas, solos inspirados, bateria enraivecida e vocais que esbanjam vitalidade e energia. Nos shows com certeza deve agitar e muito o público! E logo depois temos um tempo para retomar o fôlego, já que 'I've Had Everithing' é mais mansa, com um jeito de balada, mas sem ser exatamente uma. Junta peso com feeling, criando uma música elegante e bonita. Belo acerto!
      Depois da calmaria vem a tempestade: 'Unnatural Evolution' é um tiro curto de pura pancadaria sonora. É mais uma de clara influência de melodeath sueco, mas que tem uma identidade única.
      Mas agora sim uma balada de verdade, 'Eyes Closed' é quase acústica, de puro feeling e beleza, e Helena mandando muito bem. Lindíssima música. E o disco termina com uma muito legal homenagem ao nosso país. Trata-se da versão em português para 'Splendid Cradle', 'Berço Esplêndido'. Ficou realmente muito legal, com uma letra positivista que não soa estranha por estar em nosso idiona materno. Encerramento em grande estilo!
      É um debut de respeito. “A Tale of Decadence” mostra uma banda coesa, com personalidade e que sabe muito bem aonde quer ir. Os músicos são muito talentosos e podem se tornar ainda melhores com o tempo e com a estrada, tendo tudo para entrar de vez no hall das maiores bandas brasileiras. Aliás, uso as palavras que constavam naquele e-mail: "uma banda que mostra o padrão brasileiro de qualidade".
      Realmente o Brasil consegue criar sempre bandas de alto nível e de grande qualidade, o Ecliptyka é só mais um exemplo disso.

O Ecliptyca é:

Helena Martins – Vocais
Guilherme Bollini – Guitarra e vocais
Helio Valisc – Guitarra
Eric Zambonini – Baixo
Tiago Catalá – Bateria


Track List



  1. The Age of Decadence (01:38)
  2. We Are The Same (04:22)
  3. Splendid Cradle (04:59)
  4. Fight Back (05:43)
  5. Dead Eyes (05:42)
  6. Echoes From War (01:13)
  7. Hate (03:52 )
  8. Why Should They Pay? (04:29)
  9. Look at Yourself (04:09)
  10. I’ve Had Everything (04:46)
  11. Unnatural Evolution (02:52)
  12. Eyes Closed (04:45)
  13. Berço Esplêndido (05:02)






A banda vai abrir dois shows grandes em São Paulo nos próximos meses:

2 de julho – Revamp

12 de agosto – The Agonist


Se você é de São Paulo não deixe de conferir ;D




segunda-feira, 16 de maio de 2011

Um ano sem Dio

     

     Lembro muito bem daquele 16 de maio de 2010, um domingo. Aqui no interior do Rio Grande do Sul fazia um dia chuvososo e muito frio. Recebi a visita de alguns tios e tivemos um almoço em família. Mais tarde fui para a casa do meu avô olhar com ele o jogo do Internacional contra o Goías lá em Goiânia. Foi uma vitória suada, um 3x2 de virada. Fiquei muito contente pela vitória e voltei para minha casa satisfeito. E foi então que veio a bomba.
     Desde o meio do dia circulavam rumores de que o Dio não teria resisitido. Eu não estava levando fé. Quando ele fora diagnosticado com câncer mantive as esperanças, tinha a convicção que ele continuaria sendo o guerreiro bravo que sempre foi. Mas infelizmente até os mais intrépidos guerreiros sucumbem aos cruéis adversários. O dragão venceu esta batalha.
       O tamanho do choque e da tristeza eu não consigo representar ou medir com palavras. Foi como se uma parte de mim mesmo tivesse sido arrancada sem piedade. Um vazio corrosivo tomou conta do meu ser, e foi inútil querer segurar as lágrimas.
      A arte tem disso. Faz com que pessoas que sejam de um mundo muito diferente do nosso, e de outros cantos do planeta, se tornam parte de nós mesmo, como amigos, irmãos, ídolos que admiramos e louvamos por seus grandes méritos.
       Dio era uma figura única. Humilde, simpático e que despertava a alegria em qualquer um que cruzava seu caminho. O mundo do rock pesado perdeu um de seus ícones. Sua pouca estatura era compensada por um poder quase inexplicável, uma presença de palco que o agigantava e levava multidões ao delírio ao redor do mundo. De fato, 16 de maio de 2010 foi o dia mais triste da história do Heavy Metal.
      Meras palavras não conseguem traduzir todos os sentimentos envolvidos nessa história, então, não vou me alongar mais. Seco as lágrimas dos olhos, e com um aperto no peito espero que nosso gigante baixinho, estando no céu ou no inferno (ou por que não o Valhalla?), esteja olhando por nós, feliz, sabendo que fez a alegria de milhões de pessoas por tantos anos.
        A morte não é o fim. As pessoas que amamos continuam vivas em nossas memórias e corações, assim, se tornando eternas. Deuses não morrem, viram lendas.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Tristania - Rubicon

      Não quero afirmar que tenha ficado decepcionado com este novo disco do Tristania. De certa forma, já sabia que não deveria esperar por algo que soasse como os antigos trabalhos, os dois da era onde Morten Veland ainda estava na banda e também no fantástico “World of Glass” (2001, e já sem a presença de Morten). De forma alguma desmereço o trabalho da banda nos álbuns subsequentes, mas no que a banda se tornou realmente não me soa como Tristania.
   Geralmente eu não critico quando uma banda que eu gosto redireciona sua sonoridade por outros caminhos. Sim, não critico nem me incomodo com isso, mas desde que a essência da banda continue intacta, que sua proposta não seja perdida com o passar dos anos. Infelizmente é isso que eu vejo que ocorreu ao Tristania. Não é o caso de querer dizer que tal ou tal membro faz falta, não é isso, o ponto é que as seguidas reformulações no line-up (que eu sinceramente nem saberia enumerar corretamente) acabaram por tirar a identidade da banda, deixando-os sem rumo e fazendo apostas que não foram de todas acertadas.
      É louvável não ficar na estagnação e na segurança de se autocopiar, só que isso tem que ser feito com plena segurança do que se quer, medindo os riscos e não abandonar por completo algo que foi muito bom no passado. Isso que estou falando bem sei que é algo muito relativo, e depende muito do gosto e do ponto de vista dos fãs, mas ao menos no meu caso, achei os álbuns “Ashes” (2005) e “Illumination” (2007) fracos, sonolentos e completamente sem sal, que mostram uma banda perdida e que não sabe para onde vai.
      Pois bem, Vibekke também pulou fora do barco e foi recrutada a italiana Mariangela "Mary" Demurtas, e então “Rubicon” foi gravado. A primeira impressão que se tem do disco é que as firulas ambientais e excessivamente climáticas foram deixadas de lado, deixando o disco mais direto e pesado. É um ponto positivo.
    A primeira faixa se chama 'Year of the Rat', que tem teclados proeminentes, bateria marcante com participação mais discreta das guitarras. A primeira amostra da voz de Mary é interessante, o refrão é pegajoso e entupido de efeitos digitais completamente dispensáveis. Mas de qualquer forma começa bem. A seguir vem 'Protection', que por sua vez é mais tradicional, lembra vagamente momentos antigos da banda, mas para isso ainda falta alguma coisa que eu não saberia especificar, mas é uma boa canção. Tem peso e corais discretos, os vesos cantados por Mary são bonitos e agradavéis, mas mais uma vez no refrão temos bobagens eletrônicas. Os harsh vocals podiam ser mais abrangentes.
     É muito interessante a música seguinte, 'Patriot Games'. Tem uma cara meio moderna e tal, decididamente não soa Tristania, mas é muito boa, bem pesada, bons riffs, vocais masculinos limpos bacanas e um refrão que empolga (mexido de novo, constante do disco todo). Bela faixa! A seguir vem 'The Passing', de começo arrastado e sombrio, com teclados flutuantes, os vocais são brandos e macios, mas que crescem e algo maior. Seria uma ótima faixa, mas falta força e impacto, grandisosidade também. Mas não é ruim, longe disso.
     Depois temos mais uma com boa dose de peso: 'Exile'. Achei os vocais limpos masculinos meio estranhos e deslocados, mas no seu decorrer se acomoda melhor, fazendo-a uma canção bonita e elegante, de ótima interpretaçãode Mary agora só com sua muito boa voz pura e sem mudanças de estúdio. 'Sirens' vem a seguir com uma introdução sombria e com um quê psicodélico, mas bem soturno. Parece um pouco confusa, e não marca muito ao ouvinte.
     'The Emerald Piper' (é uma faixa bônus em algumas edições; mas esse é um ponto que eu não tenho muita certeza) é outra muito bacana, de riffs pesados, refrão interessante e que chama atenção. 'Vulture' na minha opinião soa um pouco genérica, sem grandes atrativos; lembra demais outras faixas do disco. Numa batida mais interessante vem 'Amnesia', que conta com interessantes participações de instrumentos de orquestra, trazendo um pouco de nostalgia para os fãs mais antigos. Os teclados se juntam nessa mistura criando um clima realmente chamativo.
     O fim se aproxima. 'Magic Fix' inicia a reta final com bastante criatividade, se mostrando uma canção versátil e muito boa, pesada, mais acelerada e com boa intepretação dos vocalistas. E a última faixa uma longa com mais de 8 minutos, 'Illumination'. Apesar de ser grande não mostra muitas variações, mas tem corais que são mais ativos e grandiosos, linhas de baixo e guitarra mais sólidas e intensas, construíndo um clima que dá grandeza ao som. Muito bom encerramento.
    Em minha opinião este “Rubicon” é consideravelmente melhor que seus dois antecessores. Tem uma sonoridade bem mais linear e convicta, com indícios de que ao menos a banda novamente terá uma cara prórpia. Eu não tenho esperança que façam um novo “Beyond the Veil” (1999), seria utopia querer algo do gênero, e também não creio que consigam criar uma sonoridade que honre o passado da banda. Mas nem por isso acho que a banda deva acabar ou mudar de nome ou seja lá o que for, já fico feliz em ao menos eles estarem em vias de conseguir se reerguer e fazer novamente discos bons.
    Se você não é purista vale a pena adquirir.


O Tristania é:

Anders Høyvik Hidle – Guitarra, Harsh Vocals
Einar Moen – Teclado, programações
Mariangela "Mary" Demurtas – Vocias
Ole Vistnes – Baixo, backing vocals
Gyri Smørdal Losnegaard – Guitarra
Kjetil Nordhus – Clean Vocals
Tarald Lie – Bateria


Track List:

  1. Year of the Rat   (04:35)
  2. Protection   (04:15)
  3. Patriot Games (03:27)
  4. The Passing   (04:48)
  5. Exile  (04:26)
  6. Sirens (04:2)
  7. The Emerald Piper (03:09)
  8. Vulture   (03:4)
  9. Amnesia  (04:54)
  10. Magical Fix  (04:20)
  11. Illumination   (08:13)





segunda-feira, 9 de maio de 2011

Paradise Lost - Faith Divides Us Death Unites Us

   O Paradise Lost decididamente é uma das minhas bandas favoritas. Representam uma das pedras fundamentais do Gothic/Doom Metal britânico, ao lado de dois outros gigantes no estilo: My Dying Bride e Anathema. Estes três nomes receberam o título de “A sagrada tríade do Doom Metal”.
   Os anos foram passando e no Doom Metal tradicional só ficou mesmo o My Dying Bride. O Anathema rumou por caminhos progressivos e ambientais, mas de fato sem perder sua alma e sua identidade.
   Enquanto isso, o Paradise Lost andou numa verdadeira montanha russa; foi desde o tétrico e visceral Doom com intensas mesclas com Death dos dois primeiros trabalhos, “Lost Paradise” (1990) e “Gothic” (1991), passando pelo mais puro e genuíno Gothic Metal de álbuns como “Icon” (1993) e “Draconan Times” (1995), trilhando caminhos alternativos no controveso One Second” (1997), no a lá Depeche Mode “Host” (1999) e no absolutamente injustiçado Believe in Nothing” (2001). Aos poucos foram voltando ao som que os consagrou na metade da década de 90, com álbuns mais pesados como “Symbol of Life” (2002), “Paradise Lost” (2005) e “In Requiem” (2007, este uma pequena obripria, diga-se de passagem). E em meio a esse processo de retorno ao bom e velho peso, em 2009 nos chegou “Faith Divides Death Unites Us”.
     A boa impressão já começa pelo título, forte e impactante. A banda sempre manteve uma posição contra as organizações religiosas, e externou isso de maneira muito latente neste trabalho. Não que se trate de um disco conceitual, apenas vários temas entrelaçados sob um mesmo pano de fundo: a forma como as religiões fazem mal para a humanidade, como manipulam as pessoas e criam verdades ao seu bel prazer.A arte da capa e todo o encarte também deixam claro o tema das canções, retratando antigas pinturas sobre as bárbaries cometidas pelas religiões ao longo dos séculos.
       E esse veia sobre religião já fica mais do que clara logo na abertura da primeira faixa, a espetacular 'As Horizons Ends'. Ao fundo se ouvem corais óbviamente sacros, bem no estilo das liturgias inglesas, que vão crescendo e desembocam em riffs pesadíssimos, remetendo a velha fase Doom metal de outrora, mais rápidos às vezes mais quase sempre lentos e cadenciados. Aliás, os riffs de Gregor Machintosh tem sido marca registrada do banda em seus trabalhos mais recentes, sempre exalando verdadeiros sentimentos de suas notas, da mais profunda e intensa melancolia. Ponto positivíssimo!
     Logo em seguida mais um petardo daqueles. 'I Remain' já começa esbanjando peso com guitarras e baixo poderoso, que abrem caminho para a ótima performance de Nick Holmes, que ao longo dos anos soube apefeiçoar sua técnica vocal para ir do mais grave e sujo, beirandos os antigos guturais, até a interpretação mais limpa e contida. Grande canção, um dos melhores destaques. Após esta vem 'First Light', mais uma que consegue unir muito bem peso visceral com beleza. A bateria de Adrian Erlandsson tem participação destacada não só nesta faixa mais também como no disco todo. E ele entrou no Paradise Lost em 2009, tendo vindo do Cradlle of Filth. Fato este que nitidamente deixou o som da banda com um peso extra, dado a influência Black Metal de sua antiga banda.
    'Frailty' tem um clima opressivo, é densa, muito pesada e de certa forma angustiante. Essas características fazem lembrar vagamente, guardadas as devidas proporções estílisticas e de época, com o clima do álbum “Gothic”. Isso é um dos pontos que mais me atraem na banda, a capacidade absurda de fazer uma música que transmita um sentimento completo, mesmo com letras mas simples, mas que enlaçadas com as melodias criam uma espécie de alma viva. Outra excepcional canção.
    No meio do disco temos a faixa que dá título a obra. Mais cadenciada, com bastante peso também, porém um pouco mais contido. O refrão é bom, de fácil assimilação mesmo sendo mais complexo. Por falar nisso, neste disco os refrões são mesmo mais complexos na comparação com os discos anteriores, mas isso pouco importa, tanto os simples quato os complexos são sempre magníficos. Nick mais uma vez dá show em interpretação, cozinha coesa e riffs com vida própria. A próxima, junto com a faixa título, foi single e ganhou um vídeo clipe. Esta 'The Rise of Denial' é pérola de peso intenso, que é entremeada por momentos sombrios, grandes riffs, cortantes e sinistros, bateria muito atuante e vocais que a tornam num belo exemplo de como se faz Gothic Metal.
     Complexa e intricada são os melhores adjetivos para descrever 'Living With Scars'. É cheia de quebras, idas e vindas meio estonteantes num peso fabuloso, guitarras mais uma vez dando espetáculo e Nick dando belas mostras de sua maturidade como vocalista; na minha humilde opinião, aspirante a clássica.
       A melancolia se personifica em forma de música em uma das mais belas composições do quinteto inglês, 'Last Regret'. É de fato a mais “leve” do disco, e mesmo assim consegue soar pesada! Os belos riffs se aventuram sem medo por sobre a base sólida como uma rocha ofericida pelo baixo e bateria. A letra pode-se dizer que seja uma carta de suícidio, que casa fielemnte com o sentimento proporcionado por sua melodia. Incrível!
   O play se encaminha para seu final. 'Universal Dream' parece uma releitura moderna de 'Pity The Sadness', do disco “Shades of God” (1992). Mistura momentos mais lentos e arrastados com boas passagens aceleradas, tendo como motor propulsor a bateria. Ótima faixa, que usou de elementos do passado para criar algo absolutamente novo mas com um quê nostálgico. E a derradeira canção é 'In Truth', que também é bem complexa e quebrada, com uma atmosfera tensa e opressiva, de riffs distorcidos e marcantes. Encerramento perfeito.
     Nesta proposta de se re-aproximar da sonoridade que lhe deu ares de gigante na cena, o Paradise Lost acertou em cheio com “Faith Divides Us Deth Unites Us”. Um disco sincero, com vigor e pegada. Eu gosto muito dos discos da fase alternativa da banda, e quando li uma entrevista do Nik Holmes numa Roadie Crew do ano passado, fiquei muito satisfeito em saber que ele não se arrepende de nenhum dos discos lançados pela banda, afirmando que era o que eles queriam fazer na época e era o melhor deles. Grandes bandas continuam grandes por atitudes como essa, por serem corajosas, por ousarem e não terem medo de errar. Trazer de volta o peso não foi saída para se livrar dos críticos, mas sim um desejo e uma vontade deles, que não querem agradar, mas sim fazer a música que melhor represente o que eles sintam. E por isso que eu adoro essa banda!

O Paradise Lost é:

Nick Holmes – Vocais
Gregor Mackintosh – Guitarras solos
Aaron Aedy – Guitarras base acústicas
Stephen Edmondson – Baixo (Que infelizmente se desligou da banda semana passada, uma lástima)
Adrian Erlandsson – Bateria



Track List:

  1. As Horizons End (05:21 )
  2. I Remain (04:09)
  3. First Light (05:00)
  4. Frailty (04:25 )
  5. Faith Divides Us - Death Unites Us (04:21)
  6. The Rise of Denial (04:47)
  7. Living With Scars (04:24 )
  8. Last Regret (04:24)
  9. Universal Dream (04:17)
  10. In Truth (4:50)


Eu sugiro que você compre o CD numa das melhores lojas virtuais de Heavy Metal do Brasil, a Reign in Metal. Aqui você encontra uma versão importada da Argentina, por um preço muito bom. A versão nacional lançada pela Shigami Records infelizmente se encontra indispovível no site, mas creio que logo volte ao estoque.
Se você é fã de Gothic Metal verdadeiro, não deixe comprar o seu! 




 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Crimfall - The Writ of Sword

        Temos aí uma das melhores bandas da nova geração finlandesa. O Crimfall foi fundado e 2007, lançou uma demo no ano posterior, causando uma considerável repercussão nos meios especializados de seus país de origem. Animados com os elogios, se empenharam em seguir o trabalho duro de produção e gravaçãode seu debut, intitulado “As the Path Unfolds...” que viria a ser lançado em fevereiro de 2009 pelo respeitado selo Napalm Records.
      Eu conheci a banda graças ao meu grande amigo Pikachu Sama, lá do Discipline of Steel. Fiquei curioso por causa da arte da capa e descrição feita pelo Pikachu e resolvi baixar o disco. Foi um dos melhores achados que eu fiz em todos eses meus anos de vida metálica. O Crimfall faz uma magistral fusão de Folk Metal, Viking Metal e Symphonic Metal que é de encher os ouvidos com melodias espetaculares e de tirar o fôlego.
      Fiquei tão impressionado com “As the Path Unfolds...” que logo fui buscar informações sobre algum novo registro desta incrível banda. Não tardou em as notícias da produção de um novo álbum surgirem, fazendo a minha curiosidade e ânsia só aumentarem.
      E pois bem, agora já temos em mão o segundo Full-Lenght do Crimfall, desta feita chamado de “The Writ of Sword”. A abertura fica a cargo da intro 'Dicembre', um prelúdio misterioso, climático, onde se ouvem ruídos de tempestade ao longo, sons de guerra, e de certa foram exaltando o espírito nórdico. Conectando-se ao prelúdio vem 'Storm Before de Calm', que logo de cara esbanja toneladas de peso misturadas com inserções sinfônicas, vocais rasgados e uma participação expressiva do baixo, tudo isso aliado numa atmosfera que dá a impressão de um grande hino de batalha épico. Realmente impressionante.
       Em seguida temos 'Frost Upon Their Graves'. Logo de início a veia folk fica mais evidente, com uma bela melodia de flauta, mas que rapidamente cede lugar a um coro monumental, num tom grave de arrepiar. As vocalizes de Helena Haaparanta remetem ao trablho anterior, misturando duas facetas criando uma sonoridade nova e não repetida. Bela faixa que se mostra um gande acerto. Agora temos um interlúdio, 'Cahceravga', repleta de batidas sombrias e místicas, um coro ao longe e a voz marcante da vocalista mais uma vez criando um clima único e que prende a atençã do ouvinte. O interlúdio se une a 'Shackless of The Moirai', outro petardo de peso plúmbeo, orquestrações intensas e climáticas, o lado folk acentuando-se com acordeões inteligentemente colocados e com corais que elevam-se até as alturas do Valhalla. Fabuloso!
     'The Writ of the Sword' é mais longa, tendo uma parte narrada logo no início, emoldurada por um instrumental grandioso, que lhe garante ares de parte de saga épica nórdica. Em seu desenrolar recebemos mais e mais doses de peso ligadas magicamente com as orquestrações, o folk discreto mas sempre presente, os vocais limpos e belos de Helena que se complementam absurdamente bem com os rasgados de Mikko Häkkinen, transformando a canção definitivamente num épico grandisoso e inspirador.
        E agora nos chega 'Geađgái'. Uma faixa instrumental soberba, que remete as paisagens gélidas do norte do mundo, com sua beleza assustadora mas hipnótica. Tem corais marcantes, riffs que se destacam e com feeling, a orquestra sempre ali deixando a aura da música nas alturas. Emocionante é a palavra que melhor define. Logo depois vem mais uma longa, 'Silver and Bones', com seus oito minutos de louvores à cultura nórdica e o seu povo antigo, seus deuses e sua terra. Grandes melódias, intensamente trabalhadas, num nível tão alto que beira a perfeição. Tem tudo que se ouve no disco, parecendo cada vez melhor e maior, mais intenso, mais grandioso. Realmente uma canção tocante, com alma e coração, que pulsa e vibra. Algo que com certeza mexe muito com o povo lá da Finlândia, e também com pessoas de outros lugares do mundo, até mesmo aqui em nosas terras quentes e tropicais do Brasil.
         E o disco se encerra como numa celebração, 'Son of North' uma festa em torno de uma grande uma fogueira ondo os acordeões animam os guerreiros de corações pesarosos, enchendo-lhes de orgulho de serem sim filhos do grande Norte. Isso sem perder o peso e a visceralidade, a força e a grandeza. O seu fim é como a visão de um grande campo, quando os guerreiros se dão conta que venceram e brandem suas espadas aos céus. Um modo sublime de pôr fim a um álbum maravilhoso.
        Em suma, um trabalho incrível, pensado e executado na medida certa. Tem faixas longas mas não é cansativo, flui perfeitamente, capturando a atenção de quem ouve por completo, transmitindo muita energia e sentimento. O disco foi mixado e masterizado no Fascination Street, na Suécia, com quem grandes bandas como Paradise Lost e Opeth também trabalham, e por isso temos um som perfeito e cristalino, mas sem deixar de parecer sujo nos momentos certos. Outro grande acerto.
      Não me atreveria a dizer se é melhor ou pior que o disco de estreia, pois ambos são trabalhos impecáveis. O que eu afirmo com plena segurança é: o Crimfall tem tudo para se tornar um gigante dentro do Folk/Viking Metal e até mesmo do metal em geral. Não se repetiu no segundo trabalho, mostrando competência criativa, ousou e teve muito sucesso.
         Assim com o primeiro, este “The Writ of Sword” não se encontra no mercado nacional (uma lástima gigantesca), porém pode ser encontrado nos sites internacionais por preços até que bem razoáveis. Para quem puder, fica aí dica. E não deixem de ouvir!


O Crimfall é:

Jakke Viitala – Guitarra, orquestrações e preogramações
Mikko Häkkinen – Harsh Vocals
Helena Haaparanta – Clean Vocals
Miska Sipiläinen – Baixo
Janne Jukurainen – Bateria

Track List:

  1. Dicembré (01:43)
  2. Storm Before The Calm (05:56)
  3. Frost Upon Their Graves (05:31)
  4. Cáhceravga (01:11)
  5. Shackles Of The Moirai (05:01)
  6. The Writ Of Sword (06:53)
  7. Geađgái (04:35)
  8. Silver And Bones (08:21)
  9. Son Of North (05:49)



quinta-feira, 5 de maio de 2011

Desolate Ways - ... Last Moons

       Tenho sempre muito prazer em falar sobre o trabalho de conterrâneos meus. Desta vez trata-se do Desolate Ways, banda de Gothic Metal oriunda da cidade de Osório, litoral aqui do Rio Grande do Sul. Eles estão na ativa desde 1998, e já tinham dois trabalhos lançados, “Eternal Dreams” (2003) e “Tearfull” (2007). E o seu trabalho mais recente é este “...Last Moons”, lançado em 2009 e que agora vem colhendo bons frutos de um trabalho árduo e dedicado.
        Nos trabalhos anteriores era muito intensa e evidente a influência do Paradise Lost, especialmente do disco “Drconian Times” (1995, maior clássico da bada inglesa). Não que isso fosse ruim, já que são dois ótimos discos, mas acabava faltando personalidade e alguma coisa que definisse eles como uma banda criativa e que consegue andar com os próprios pés. E em “...Last Moons”, eles conseguem isso.
        A bolacha já começa bem, com a soturna e melancólica 'Senseless'. As guitarras soltam riffs pesados, densos e arrastados, no melhor estilo Doom Metal. O baixo é marcante e a bateria impactante. A constante presença de vocalizações como pano de fundo ampliam ainda mais o clima sombrio da canção. O vocal agoniado de Max Lima se encaixa como uma luva, fechando completamente com o todo. Abertura em alto estilo.
       A segunda faixa, também single de divulgação, se chama 'Regret'. É uma música mais simples e mais aberta, assim digamos, mas ainda com o clima sombrio e triste. Tem ótimos riffs e um vocal realmente inspirado. Bom single. Em seguida vem uma com forte característica de música sacra, 'Immaculate'. Um coral grandioso abre passagem, para uma canção de peso paquidérmico e imposição monolítica. Os riffs de Elizeu Hainzenrede são carregados de sentimentos e intensidade, transformando a faixa numa pérola de muita beleza.
       Então temos a faixa que dá título à obra. Bastante cadenciada e bela, que vai ganhando peso aos poucos, com uma ótima interpretação de Max e com mais riffs interessantes e repletos de personalidade. O refrão não pode ser chamado de fácil, mas é marcante. Chegamoas na metade da audição com 'Your Hope Dies', que pelo título já dá a entender o que está por vir. Temos mais belos corais, que elevam o som a um clima realmente obscuro e pertubador. A cozinha faz uma base muito concreta e sólida, paras a guitarras se aventurarem livremente em riffs pesados e muito densos, ajudando a construir mais um petardo.
          'Frozen Leaves' é rápida e reta, com ótimo refrão, riffs mais simples porém eficientes, um belo solo, bateria precisa e uma melancolia que parece um pouco com os últimos trabalhos do Sentenced. Outra bela peça. 'End of Day' é mais um Doom pesadão e arrastado, mas sem ser chato ou com delongas desnecessárias. Esbanja feeling e exala escuridão. Acima da média.
         Entramos na parte derradeira do disco com 'No Turning Back'. Dinâmica, pesada e com os vocais muito bem construídos, deixando-a fluente e empolgante. 'Empty' tem bons riffs, bateria mais destacada e linhas de baixo muito boas. O vocal de Max é mais rasgado e intenso, denotando boa capacidade de deixar a interpretação mais pesada e visceral.
         O final é simplesmente soberbo. 'Winter' tem um feeling tocante, pura tristeza transformada em música. É quase uma semi-balada, não tão lenta nem rápida, mas num tom perfeito. A belíssima participação de Josie, vocalista da banda também gaúcha A Sorrowfull Dream, deixa canção ainda mais incrível, exalando uma atmosfera sombria e melancólica de tocar o coração. Um encerramento mais que digno e maravilhoso!
          Uma grande banda, guerreira e com paixão pelo que faz. Batalhou muito para nos presentear com um álbum grandioso. Merecem muito sucesso e uma posição de destaque no cenário não só nacional mas como também internacional. Um ítem que não fará nada feio na coleção de nínguem. E o preço é uma barbada, 20 reais no site da Hellion Records. Imperdível!

O Desolate Ways é:

Max Lima - Voz e guitarra
Elizeu Hainzenrede - Guitarra
Rodrigo Fernandes - Baixo
Igo Menegaz - Bateria

Track List:

01. Senseless (4:02)
02. Regret (3:53)
03. Immaculate (4:20)
04. Last Moons (5:15)
05. Your Hope Dies (5:42)
06. Frozen Leaves (3:38)
07. End Of Day (5:44)
08. No Turning Back (4:33)
09. Empty (3:46)
10. Winter (6:25)


  

Amaranthe - Amaranthe

      Começou-se a ouvir o nome Amaranthe pelos corredores do universo heavy metal em meados de 2009. Na época, Olof Morck (Dragonland) resolveu criar uma banda paralela ao seu trabalho principal, e para tanto recrutou vários músicos suecos e começou a trabalhar em composições para tal projeto. Em pouco tempo o Amaranthe divulgou em seu myspace a demo “Leave Everything Behind”, que conta com cinco músicas que também constam (em versões diferentes e melhoradas) neste álbum de estreia auto-intitulado.
     Após isso foi continuado o processo de produção e gravação do disco. A banda ganhou um pouco mais de notoriedade quando a vocalista Elize Ryd foi convidada a fazer os backing vocals na curta turnê europeia do Kamelot no ano passado, que precedeu o lançamento de “Poetry for the Poisoned”. A amplitude da internet ajudou na divulgação da banda, que teve sua demo ouvida por pessoas de mundo todo, gerando bons comentários e deixando uma grande expectativa por seu debut.
      Eu, pessoalmente, afirmo: essas expecativas foram mais que alcançadas.
     Por ser uma banda tendo uma mulher a frente, muitos podem logo supor se tratar de mais uma banda pseudo-gótica clichê e de som batido. Mas não é nada seque parecido com isso. O que ouvimos nas 12 canções que compõe o Track List de “Amaranthe” é um metal absolutamente moderno, de veia pop latente, pitadas de death melódico muito bem colocadas, algo de power metal e uma energia vibrante e contagiante.
    Outro diferencial muitíssimo interessante é que na verdade são três vocalistas. Elize, Jake E. Berg (ex-Dream Evil) fazendo clean vocals e Andy Solveström fazendo harsh vocals. A mistura foi muito bem balanceada, sem expôr algum mais que os outros. A química entre os timbres ficou simplesmente perfeita. Aliás, todos os elementos ficaram interessantemente bem entrelaçados.
      As faixas são curtas e dinâmicas, mas isso não significa que sejam todas iguais, meros enlatados feitos em escala industrial; muito pelo contrário até. Cada uma das faixas tem sua alma, sua força, sua vibração. Todas são grandes canções, e nehuma se soprepõe muito mais que as outras, por isso seria uma tarefa muito ingrata apontar destaques maiores, por seria desmerecer as demais em suas peculiares qualidades.
      Mas de qualquer forma podemos dizer que as faixas que já eram conhecidas da demos, 'Leave Everything Behind','Hunger' (com seu vídeo clipe cinematográfico), 'Enter the Maze' 'Act of Desperation' e 'Directors Cut' ficaram muito superiores a sua versão original, sendo mais elaboradas e melhor mixadas. Ou seja, melhorou ainda mais uma impressão que já era boa. Pensando bastante, podemos apontar com destaques também as faixas 'Automatic', super agitada e vibrante, 'Amaranthine', uma power balada de respeito e 'Call Out My Name' com uma pegada levemente eletrônica, que a deixa ainda mais interessante.
       O trabalho de produção e mixagem é impecável, de som cristalino, com cada instrumento podendo ser identificado perfeitamente. Um esforço de primeira grandeza, muito esmerado, que redundou num material de alto nível para os fãs angariados ao longos dos meses e para os novos fãs que chegraão em breve tamanha qualidade desta banda jovem e cheia de vigor.
       Com certeza muita gente purista dentro do cenário metálico vai torcer e muito o nariz para esta proposta do Amaranthe, dizendo que não passa de lixo comercial e isso e aquilo. Mas por favor, isso seria uma injustiça tremenda. O heavy metal vive um momento de cluastrofóbica saturação, onde mais e mais bandas genéricas e sem personalidade surgem como formigas de baixo de pedras a cada hora, e por isso, coisas corajosas e inovadoras como o Amaranthe merecem se não o apoio, no mínimo o respeito dos apreciadores de metal.
      Minha aposta para revelação de 2011. E o disco vai ser lançado no Brasil via Hellion Records, fica a dica!

O Amaranthe é:

Elize Ryd – Vocais feminos
Jake E Berg - Clean Vocals
Andy Solveström - Harsh Vocals
Olof Mörck – Guitarras e teclados
Johan Andreassen - Baixo
Morten Løwe Sørensen – Bateria



Track List:

  1. Leave Everything Behind (03:16)
  2. Hunger (03:11)
  3. 1.000.000 Lightyears (03:14)
  4. Automatic (03:24)
  5. My Transition (03:47)
  6. Amaranthine (03:28)
  7. Rain (03:42)
  8. Call Out My Name (03:15)
  9. Enter The Maze (04:03)
  10. Director's Cut (04:47)
  11. Act Of Desperation (03:02)
  12. Serendipity (03:25)





 

terça-feira, 3 de maio de 2011

For All We Know - For All We Know

       Pois então finalmente foi liberado o debut auto-intitulado do For All We Know. O projeto idealizdo pelo guitarrista holandês Ruud Jolie (Within Temptation) tomou forma ao longo de 4 anos, nos quais o músico compôs as canções com muita calma e paciência, cuidado minuciosamente de cada detalhe. Em fins do ano passado, Ruud convidou antigos amigos seus para gravarem o disco.
      Os músicos envolvidos abrangem vários estilos, indo desde a versatilidade do vocalista Wudstk, que tem suas raízes no hip hop, mas que criou fama em seu país natal por ser capaz de interpretar vários estilos distintos, todos com muita desenvoltura, passando pela veia prog remetente do Pain of Salvation de Kristoffer Gildenlöw (Baixo) e Leo Margarit na bateria, o lado jazzista de Marco Kuypers e claro a guitarra marcante de Ruud.
      Com tais membros constituindo seu line-up (mais os convidados de peso), o For All We Know consegue ser uma perfeita mescla de inúmeras estilos, uma peça única e marcante, repleta de personalidade, feeling e talento.
     Riffs simples porém marcantes dão o tom do início da audição, com a faixa 'Blind Me'. Aos poucos ouvimos o teclado chegar, criando um clima progressivo e intimista. A bateria não tem um destaque muito evidente, mas constitui uma peça chave da música, marcando o ritmos dos demais intrumentos de forma perfeita. Destaque para o vocalista, de uma interpretação suave e contida, que exala feeling e fecha perfeitamente com o ar intiista da canção. Ótima abertura.
      Ruud se mostra um compostor muito diversificado, pelo menos foi a minha impressão ao reparar no curioso contraste entre a faixa de abertura e a segunda canção, 'Busy Being Somebody Else'. A primeira é calma e intimista, já esta é um rock com cara de alternativo, bem agitado e com um refrão que facilmente fica na cabeça. Ótima execução dos músicos, temos bons riffs de baixo e guitarra (e um ótimo solo também), bateria ainda simples mas mais intensa e as linhas de teclado que constroem um ar ligeiramente psicodélico. Excelente canção! Logo na sequência vem 'Out of Reach', que se inicia com bonita participação do pianista Marco Kuypers, fazendo um belo dueto com Wudstk. O resto da banda entra encorpando a canção, que fica num tom entre o rock clássico e o jazz. Uma faixa bela e elegante, de um bom gosto inquestionável.
     'When Angels Refuse to Fly' é uma muito boa canção de metal progressivo (mais pelo lado progressivo que pelo metal, diga-se de passagem). Bateria agora sim forte e de destaque, riffs variados e marcantes, solos trabalhados e teclados sempre atuantes mesmo que mais discretos. Um dos grandes destaques do álbum como um todo. Em seguida vem 'I Lost Myself Today', outra bela canção soft, com bastante feeling e jeito de balada que cresce num certo ponto, chegando a soar épica no solo na sua parte final; mais um dos inúmeros destaques positivos.
      Os convidados de maior destaque são os que menos aparecem (realmente única mácula do trabalho). Sharon den Adel e Daniel Gildenlöw protagonizam um tocante dueto na curtíssima 'Keep Breathing', que não passa de dois minuto, uma canção bela e que merecia com certeza absoluta ser mais longa (nós ouvintes agardeceríamos!); como de costume até aqui, ótima e destacada.
      Logo depois nos chega aos ouvidos a mais progressiva de todas, 'Down on My Knees'. Ao longos de seus nove minutos ouvimos momentos rock n' roll, passagens progressivas latentes, quebras de ritmo e viradas completas, e principalmente muita energia. Excepcional canção. Depois desta temos mais uma calma: 'Save Us...' tem belos dedilhados, backing vocals envolventes e mais doses de progressividade. Wudstck mostra o porque da sua fama de versátil, manda várias vocalizações muito inspiradas e diversificadas. Curta e soturna é 'Embrace/Erase/Replace/Embrace', seu clima sombrio se faz principalmente com o teclado e as vocalizes do frontman, e ainda a bateria em tons mais baixos e riffs distorcidos com certa influência sabbathiana. Muito bom.
      A canção sequente se chama 'Tired and Ashamed'. Segue na vibe do restante do disco, ou seja, muito boa. Pessoalmente não saberia como enquadrar a faixa seguinte, 'Open Your Eyes'; parece um pouco de pop, mas emenda coisa de metal e rock clássico e pitadas de jazz. E exatamente por essa questão, achei-a incrível! Quando não se consegue rotular algo, é porque de fato é fruto de um trabalho esmerado buscando criatividade e originalidade. Acertaram no alvo!
      Esta belíssima estreia termina com mais uma pérola. Esta, chamada 'Nothing More'. Temos algumas passagens de violino, que dão um quê acústico por boa parte do decorrer da música, que perto do fim desanda num belo instrumental, grandioso, cheio de pompa e beleza. Uma forma magistral de terminar com os trabalhos.
        Todas as minhas expectativas para com este projeto foram concretizadas, e até mesmo superadas. É um trabalho repleto de personalidade e carisma, com músicos absurdamente competentes e talentosos que deram o melhor de si. Sendo algo paralelo ao Within Temptation por parte de Ruud, de certa forma seria difícil não comparar este For all We Know com sua banda principal; mas rapidamente o nome que é um dos gigantes do metal sinfônico fica de lado, tamanha a competência e cara prórpia desta prodigiosa brincadeira do guitarrista, que não se usa de clichês batidos, nos dando um material impecável e de um alto nível de dar inveja a muita banda grande e famosa por aí.
      Claro que não é uma re-invenção da roda e um clássico indiscutível, mas mesmo assim é um trabalho maravilhoso e que deve agradar a muita gente por sua alma e luz próprias, já que ouvindo as canções esquecemos completamente das bandas de origem de seus músicos. Pode não ser genial, mas tem coração e e sentimento, o que já é uma grande coisa.
       Um dos belos destaques de 2011. Recomendadíssimo!

O For All We Knoe é:

Wudstk (Vocais)
Marco Kuypers (Piano)
Leo Margarit (Bateria)
Kristoffer Gildenlöw (Baixo)
Thijs Schrijnemakers (Teclado)

Convidados:

SharonDenAdel(Within Temptation)
Daniel Gildenlöw (Pain of Salvation)
John Wesley (Porcupine Tree)
Ruud Howuling
Richie Falkoner (Lauren Harri's Band)
Anke Derks (cantora solo)
Damian Wilson (Threshold)
Tom Sikkers (Brotherhood Foundation)
Camilla van der Kooij (Violinista)

Track List:

1. Blind Me (4:08)
2. Busy Being Somebody Else (5:30)
3. Out of Reach (6:01)
4. When Angels Refuse to Fly (5:42)
5. I Lost Myself Today (4:31)
6. Keep Breathing (1:55)
7. Down On My Knees (9:01)
8. Save us... (3:48)
9. Embrace/Erase/Replace/Embrace (2:52)
10. Tired and Ashamed (5:26)
11. Open Your Eyes (5:19)
12. Nothing more... (4:08)