quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sonata Arctica - Stones Grow Her Name


            Quando se trata de Power Metal e/ou Metal Melódico, um dos nomes mais fortes e respeitados dessa cena é o dos finlandeses do Sonata Arctica. Construíram uma carreira muito sólida ao longo de seus treze anos de carreira até aqui, tendo começado com um metal super melódico e acelerado, tipicamente finlandês à época. Mas o tempo passa e os músicos amadurecem, e às vezes novos caminhos são tomados.
            Tony Kakko é do tipo inquieto. Ele é a cabeça pensante do grupo e não há como negar esse fato, sendo dele a responsabilidade de pegar as rédeas e decidir qual o caminho musical a ser seguido. E nota-se que ele cansou de fazer aquele metal na velocidade da luz, com bumbo duplo metralhante e arranjos quase impossíveis de tocar fielmente ao vivo. E foi isso que nós vimos no “Unia” (2007). Músicas mais simples, com outro ritmo e outra pegada, recheadas de elementos progressivos e flertando intensamente com o lado mais obscuro do ser humano, versando sobre tristeza e melancolia. Vibe que seguiu quase a mesma em “The Days of Grays” (2009), que soa ainda mais melancólico e obscuro, mas que sutilmente equilibra um pouco essa nova sonoridade com algo do começo da carreira.
            E é com esse pano de fundo que em 2012 nos chega o mais novo registro do Sonata Arctica: “Stones Grow Her Name”. A primeira impressão que tive do disco é que ele consegue ser ainda mais simplista; apenas um muito bom e objetivo disco de metal melódico. Ao longo das onze faixas que constituem o track list não vemos grandes firulas ou shows pirotécnicos, apenas músicas consistentes e bem trabalhadas.
            ‘Only The Broken Hearts (Make You Beautiful)’ abre o play com bastante energia e vitalidade, ótimos riffs e uma levada muito boa, com um refrão no melhor estilo Sonata Arctica contemporâneo. Uma excelente escolha de música de abertura, que dá o tom do que ainda está por vir.
            Em seguida temos a moderna e com pegada forte ‘Shitload of Money’. Com linhas de teclado muito marcantes, quase uma marca registrada da banda, guitarra competente e linhas vocais muito boas de Tony. E o teclado já aprece demarcando território brilhantemente logo na faixa seguinte, ‘Losing My Insanity’. Esta um pouco mais acelerada já, com alguns riffs que lembram bastante os primórdios da banda, bateria discreta, mas presente e precisa, e mais um excepcional refrão com a interpretação única de Tony. Eu acredito que seria um ótimo single com vídeo clipe.
            Arrisco a dizer que ‘Somewhere Close to You’ ocupe o posto de faixa mais pesada do disco do disco. As linhas de guitarra e baixo corroboram com isso, sendo densas e num tom mais baixo que cria um impacto maior no ouvinte. Destaque para a atuação do baterista Tommy Portimo nessa faixa, uma trabalho realmente muito bom na condução do peso da canção. A seguir temos o primeiro single do álbum, a peculiar ‘I Have a Right’. Digo peculiar porque a primeiro momento estranhei sua estrutura pouco comum, parecendo uma balada, mas sem ser um, ao mesmo tempo em que mistura alguns elementos que eu sinceramente não sei descrever muito bem. Mas enfim, uma canção de ritmo muito interessante, riffs e solo de Elias muito competentes resultando em uma sonoridade fascinante.
            Nessa ideia de estruturas mais diferenciadas temos também ‘Alone in Heaven’.  Uma música que dá a impressão de subir e descer com seu refrão forte, que ainda conta comum belíssimo solo de guitarra e as linhas de teclado sempre marcantes de Tony. ‘The Day’ é a que eu considero como mais fraca do registro. Soa aleatória no contexto do disco, além de faltar sal e parecer que vai do nada para o lugar nenhum. Podia ter sido deixada de fora em minha opinião.
            Se a faixa anterior soa sem graça e nada demais, a seguinte compensa em dobro ou em triplo. Caro leitor, você alguma vez já imaginou que viria a ouvir um BANJO no meio de uma música do Sonata Arctica? Bem, eu pelo menos não. Já vi gente alcunhando esta ‘Cinderblox’ de country metal, e olha, eu concordo! Sinceramente achei uma música fantástica em todos os seus aspectos, ousada e super criativa, com riffs, solos, teclados, vocais, bateria e banjo funcionando em uma harmonia perfeita. Individualmente nota 10 para essa faixa!
            Depois dessa efusão cultural o ritmo dá uma bem vinda diminuída e em até nós a linda balada ‘Don’t Be Mean’. Aquele tipo de baladinha sem nada de muito complexo, mas com um feeling incrível, que fica ainda mais notório com a excelente inclusão de alguns violinos. O Sonata é conhecido também por belas baladas, e manteram a tradição, acertando, e muito, a mão com essa.
            O encerramento fica a cargo de uma gratíssima surpresa. A banda resolveu resgatar a faixa ‘Wildfire’, do disco “Reckoning Night” (2004), dando a ela duas continuações neste novo disco: ‘Wildfire Part II: One With the Mountain’ e ‘Wildfire Part III: Wildfire Town, Population: 0’.
            A primeira bebe um pouco da fonte country de ‘Cinderblox’, mas que logo descamba em um Power Metal genuíno e old school, mas que mesmo tempo em que tem várias variações e quebras progressivas. Já a segunda começa a todo vapor, estonteante e super acelerada. E segue dessa forma por quase todos os seus oito minutos, tornando-se um verdadeiro deleite aos fãs que se sentem órfãos da antiga sonoridade da banda.
            Uma peça de quase dezesseis minutos puramente épica, grandiosa e grandiloquente. Mostrando que Tony Kakko e sua trupe ainda tem muita criatividade, e que conseguem muito bem ver o futuro sem deixar de lado o passado.
            Muito bem, um disco bom. Muito bom. Mas que não é brilhante, revolucionário ou um novo marco na discografia da banda. Mas mesmo assim é um trabalho de audição agradável, para quem gosta de uma boa música que não seja pretensiosa.
            O próprio Tony, algum tempo atrás, disse que ele queria fazer um disco com músicas que pudessem ser tocadas ao vivo sem grandes dificuldades. E olha, eu acho que ele conseguiu com sucesso.
            Para fechar: um belo disco que deve agradar a maioria dos fãs. Aposta na simplicidade sem ser preguiçoso ou indolente. Ou seja: poder adquirir o seu sem medo!

Nota 8

O Sonata Arctica é:

Tony Kakko – Vocais e teclado
Elias Viljanen – Guitarra
Henrik Klingenberg – Teclados
Marko Paasikoski – Baixo
Tommy Portimo – Bateria


Track List:

  1. Only the Broken Hearts (Make You Beautiful)
  2. Shitload of Money
  3. Losing My Insanity
  4. Somewhere Close to You
  5. I Have a Right
  6. Alone in Heaven
  7. The Day
  8. Cinderblox
  9. Don't Be Mean
  10. Wildfire, Part: II - One With the Mountain.
  11. Wildfire, Part: III - Wildfire Town, Population: 0.






 




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