6 de setembro de 2011 vai ser um dia que eu vou lembrar para o resto da minha vida. Acordei às cinco e pouco da manhã, peguei o ônibus escolar que sai bem do lado da minha casa e fui até o centro da Feliz, a cidade onde moro. Passei mais de uma hora aguardando na rodoviária, no frio, o ônibus da Caxiense que me levaria até Porto Alegre para ver o show da banda que eu mais amo: o Blind Guardian.
Cheguei na capital do Rio Grande do Sul por volta das onze horas, e logo tratei de me mandar para o Bar Opinião, onde o show aconteceria. Naquela hora ainda não havia muita gente por lá, no máximo uns dez outros entusiastas como eu que faziam questão de pegar os melhores lugares diante o palco na grande hora.
As horas que se seguiram foram absurdamente prazerosas, conhecendo novas pessoas, e também as que já conhecia de internet, de tudo quanto é lugar, que logo se tornaram bons amigos e enriqueceram ainda mais essa esplêndida experiência.
A tarde foi pasando e a ansiedade crescendo. Mais pessoas chegaram, a fila foi se tornando longa e ruidosa, com todo mundo muito animado para ver a terceira passagem dos bardos alemães por terras gaúchas. O sol estava cruel, castigando todos nós que não tinhamos uma sombra para repousar, mas isso não foi nada, a emoção de ver a nossa banda favorita transformava qualquer desafio em facilidade.
Por volta das seis da tarde as portas foram abertas e a pequena multidão logo tomou conta das dependências do Opinião. A ansiedade e a emoção cresciam. Sem muita demora a Magician, banda de abertura, subiu ao palco e executou seu set curto mas competente, de um Power Metal pesado e técnico. Terminado a apresentação deles tudo foi desmontado com muita agilidade, e assim entrou em cena a equipe da banda principal, que com uma rapidez quase assustadora deixou tudo pronto para a grande atração da noite.
Quando o relógio marcou oito horas em ponto a magia começou. A intro de Sacred Worlds começou e o mundo pareceu parar de girar. Era agora, a hora tinha chegado. Até agora não sei descrever a emoção que tomou conta dese humilde escriba quando André Olbrich, Marcus Siepen, Frederick Ehmke e Hansi Kürsch apareceram diante da platéia. A abertura não podia ser mais acertada, pois Sacred Worlds tem um refrão épico e imponente, que entoado em coro por quase duas mil vozes fez as paredes do Opinião tremerem, e conseguiu sem esforço nenhum conquistar o público e colocar fogo no show.
Logo em seguida Hansi deu mostras de toda sua simpatia, conversando com o público, interagindo bastante e arranhando um português carregado de sotaque alemão aqui e ali. Esse sujeito tem uma das presenças de palco mais impressionantes da história do metal, sem firulas, correria ou malabarismo, sua simples figura e postura já inspiram um encanto inexplicável, exalando poder, que deixa o público na sua mão logo de cara. Impressionante!
E dessa forma então ele nos anuncia um dos grandes clássicos da banda: Welcome to Dying. Não é preciso dizer que mais uma vez a galera veio abaixo, cantando-a junto do começo ao fim, batendo cabeça e indo a loucura. Na sequência vem outra clássica indubitável, Nightfall, que Hansi fez questão de comentar um pouco a história da música, citando o abençoado reino de Arda e mais coisas do maravilhoso mundo de Tolkien. Foi outro momento marcante, a música é linda e tocante, que mexeu com todo mundo que outra vez acompanhou a banda o tempo todo.
O disco A Twist in a Myth foi representado pela ótima Fly, que mesmo não agradando alguns puristas que só querem saber de músicas antigas, foi um arraso, empolgando a maior parte do público, com Hansi regendo a galera com completa maestria. Nota positiva aqui também para a dupla de guitarristas, que sempre dá seu show particular saltitando de um lado a outro do palco. Depois mais uma clássica (do set recheado de hinos): Time Stand Still (At The Iron Hill), que foi cantada com todo o folêgo pela platéia, impressionando a banda e os deixando muito alegres, só de ver suas expressões surpresas e sorrisos quase permamentes.
E lá do primeiro registro da banda veio Majesty, que o público pedia incessantemente. E o pedido foi aceito, e a execução da faixa enlouqueceu o público que bradou aquele refrão espetacular com todas as suas forças. Emocionante!
E então veio uma das surpresas da noite: Bright Eyes, do aclamadíssimo Imaginations From the Other Side. Muita gente surtou de alegria por essa música, e mesmo com o Hansi dando uma escorregada na letra, satisfez todo mundo e foi inesquecível. E logo em seguida a segunda surpresa da noite: Ride into Obsession, uma das mais velozes e pesadas do disco novo. Segundo o vocalista era um desafio, pois ele fora tocada ao vivo apenas uma vez antes. Sendo desafio ou não, eles se superaram e tocaram ela brilhantemente e presentearam os fãs gaúchos com uma faixa exclusiva no set!
A intensidade diminui um pouco quando o universo de Tolkien deu novamente as caras no palco do Opinião. A intensidade sim, mas a emoção não. Lord of the Rings uniu todos novamente numa só voz, num coro de arrepiar e trazer lágrimas aos olhos. Fantástico, sem outra definição melhor. E como show do Blind Guardian sem Valhalla não é show do Blind Guardian, esta clássica mor (talvez o maior hino da banda) não poderia faltar. Como é de costume foi um dos ápices da apresentação, com o refrão elevado aos céus por milhares de vozes fervorosoas, e que se prolongou por vários minutos, arrancando sorrisos da banda e uma alegria que era claramente notada. Algo que vai estar em nossas memórias para sempre.
E o set regular terminou com a espetacular, épica, emocionante e mágica And Then There Was Silence. Muita gente torce o nariz para essa música, mas é uma das minhas faixas favoritas da banda, e foi uma emoção indiscritível ouvi-la ao vivo. Os refrões foram os ápices de grandiosidade e impacto, tão marcantes para mim que me levaram às lágrimas em alguns momentos. E de novo o público mostrou seu entusiasmo repetindo incansavelmente os “la la la la la” da parte final da canção, pulando e festejando.
O encore começou com Imaginations From the Other Side, só mais uma na lista de clássicos da noite. O público já estava em êxtase e foi no embalo da música do início ao fim. Depois veio o momento que com certeza todos esperavam: as guitarras foram deixadas de lado, sendo trocadas por violões, e assim a magia de The Bards Song – In The Forest começou. De fato não preciso dizer o que se passou, não? Mais uma vez, todas vozes se tornaram uma só.
Por fim, a apoteose. Mirror Mirror é outro hino que todos os fãs amam intensamente e que sempre fecha com chave os shows, e sendo assim, não poderia ser diferente nas terras gaúchas. O êxtase foi geral, de uma sensação que fica difícil de descrever com simples palavras. Quando terminou, a felicidade era tamanha que poderíamos todos ficar ali mais umas duas ou três com show que nínguem se cansaria.
O Blind Guardian é apenas uma banda de metal, com 4 caras (que se tornam seis mais o baixista e tecladistas contratados) em cima de um palco tocando música muito boa, sem firúlas, sem pirotécnias exageradas ou outros badulaques desnecessários. São caras que amam o que fazem, que adoram seus fãs, são simpáticos e amáveis, e não atoa sãolendas do Power Metal.
Foi simplesmente perfeito.
Quando coloquei os pés dentro de casa no dia seguinte tinha a maravilhosa sensação de missão cumprida. Acordar muito cedo, horas dentro de um ônibus, horas de espera embaixo do sol abrasivo, o calor dentro da casa, o aperto, cada centavo gasto nesta aventura, tudo, absolutamente tudo, valeu a pena. Foi emocionante, a realização de um sonho. Eu chorei sim, não tenho vergonha de admitir. Foi um choro discreto de emoção verdadeira, não de histerismo barato por algum ídolo industrializado. Foi mágico. Foi perfeito.
Set list:
Sacred Worlds
Welcome to Dying
Nightfall
Fly
Time Stand Still (At The Iron Hill)
Majesty
Bright Eyes
Rido into Obsession
Lord of the Rings
Valhalla
And The There Was Silence
Encore:
Imaginations From the Other
The Bard's Song – In The Forest
Mirror Mirror
E antes de terminar, alguns agradecimentos: Marina, Mariana, Lineker, Andrew, Alexandre e toda o pessoal que tornou a espera na fila suportável e muito divertida. A Abstratti produtora por ter trazido a banda a Porto Alegre e proporcionar o dia mais feliz da minha vida. Ao meu grande amigo Felipe Stoll, que lá em 2008 no nosso segundo ano do ensino médio me apresentou a banda (meu bruxo, te devo muito!). E como não podia deixar de ser, ao Blind Guardian, pelos melhores momentos que eu já vivi até aqui.
Po, me emocionei agora! :~
ResponderExcluirFoi tudo tão legal... Quero mais filas com mais Blind Guardian!