quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Edguy - Age of the Joker

     Sem muito alarde nem muita propaganda, Tobias Sammet e seu Edguy entraram em estúdio na Alemanha para gravarem seu nono álbum de inéditas.
    O Power Metal melódico e acelerado dos primeiros discos não é mais uma realidade da banda, e com o passar dos anos Tobias se mostrou corajoso e passou a desbravar novos horizontes musicais. O ápice dessa busca por novas sonoridades se consolidou definitivamente no último disco, “Tinnitus Sanctus” (2008), onde a veia hard rock ficou muito mais saliente, assim como uma forma diferente de lidar com o peso, se tornando algo mais denso e obscuro, talvez menos alegre e debochado do que nos acostumamamos a ouvir deles. Na minha opinião pessoal, achei “Tinnitus Sanctus” um grande disco, diversificado, ousado e mais uma prova de toda a versatilidade musical que Tobias Sammet dispõe. E nesse cenário vem à luz do mundo este “Age of the Joker”.
     Numa primeira audição pode soar como um álbum confuso e demasiado longo, e de fato foi o que ocorreu quando o ouvi pela primeira vez. Mas em seguidas audições a ideia concebida para ele vai ganhando forma, e a coesão e firmeza do álbum se tornam evidentes e marcantes. De certa forma imagino ele como se fosse uma bem dosada mistura entre os discos mais antigos com o trabalho recente, algo como jogar num liquidificador “Mandrake” (2001), “Hellfire Club” (2004) e “Tinnitus Sanctus” (2008).
       Logo de cara tem uma faixa longa e épica, 'Robin Hood' e seus 8 minutos de duração. É o bom humor voltando com mais força nos temas da banda, vide o hilário clipe feito para ela. É uma música cheia de variações, de bons riffs e um daqueles refrões típicos e empolgantes que o Edguy sabe fazer com maestria. Tem elementos de Hard muito bem mesclados com Heavy, teclados marcantes e uma cadência agitada. Uma bela forma de começar os trabalhos.
       Em seguida temos 'Nobody Hero', um bom exemplo de metal melódico contemporâneo, pesada, sem ser necessariamente na velocidade da luz e com um refrão inteligente e fácil de acompanhar. Os riffs são muito bem executados, num estilo bem alemão de se fazer metal. A interpretação de Tobias também é boa, mandando notas altas mas sem exagerar. Uma ótima faixa.
     'Rock of Cashel' é outra bastante épica e grandiosa. Tem um certo quê medieval cativante, que liricamente remonta a fase antiga da banda. As guitarras soam muito bem nesta, num timbre interessante, e Tobias novamente não deixa a desejar. Ressaltar o refrão mais uma vez é descenessário, não?
       Na onda de mesclar influências também podemos destacar com primazia 'Pandora's Box'. Temos aqui um bom bocado de country music e blues, que dão uma cara classuda para o som, com pegada e atitude. E isso misturado com o peso e a distorção do metal redundou numa sonoridade realmente única, com Tobias interpretando de uma forma até surpreedente, indo das notas altas do refrão até um vocal mais sujo e rouco nas partes lentas. Uma das melhores do disco com certeza!
     Logo em seguida vem uma que deve agradar aos saudosistas: 'Breathe'. Uma faixa animada, cheia de energia, mais acelerada, com linhas de teclado simples mais muito bem colocadas e que, creio eu, seria muito bem recebida nos shows. Um exemplo de que o Edguy evoluiu sem perder a identidade.
    'Two ou of Seven' é talvez a mais Hard Rock do disco. Tem linhas de teclando similares a da faixa anterior, porém é muito mais cadenciada, numa batida meio oitentista, de riffs marcantes e um solo inspirado. Aliás, nota muito positiva para a gravação das guitarras de Jens Ludwig e Dirk Sauer, que ao longo do disco todo soa sempre muito bem. E é outra que seria muito legal de ouvir num show, o refrão é perfeito para ser cantado com toda vontade por uma platéia. O mix de Hard com Heavy volta com tudo em 'Faces in the Darkness'. Cheia de peso, grandes riffs e o baixo muito bem colocado. Tem um ritmo forte, intenso e um quê venenoso bem Hard Rock. Outro destaque da bolacha.
      Totalmente old school é a canção seguinte, 'The Arcane Guild'. Super acelerada, de riffs cortantes, com solos elaborados e a bateria de Felix Bohnke ensandecida. Uma ótima música, um resgate das raízes inteligente e agradável, que não parece batido ou auto-plágio. Vamos caminhando para o final do disco. Agora é a vez de 'Fire in the Downline', que começa baixinha e soturna, mas cresce, ganha forma, peso e corpo. Tem um bom refrão, bastante peso e uma energia intensa. Mais uma das ótimas composições deste disco.
     'Behind the Gates to Midnight World' aposta mais numa veia progressiva, repleta de variações e quebras de ritmo, assim como seus riffs e linhas de teclado também são relativamente calcados numa proposta prog. O refrão é muito bom, assim como as pontes, e a letra como um todo é boa igualmente. É de fato longa, mas nem por isso cansativa. Outro ótimo exemplo da criatividade a nível industrial de Tobias Sammet como compositor.
        E pra fecharcom chave de ouro vem a tradicional balada que tem em todo disco do Edguy. Baladas essas de muito respeito, digasse de passagem,e 'Every Night Without You' não foge a regra. Daquelas músicas tocantes, repletas de feeling, com um solo digníssimo e um coral no refrão que fala ela ficar bem grandiosa. Uma música linda que fecha o álbum maravilhosamente bem.
      Por fim, “Age of the Joker” é um disco que conseguer ser alegre e sério ao mesmo tempo, uma equação perfeitamente equilibrada das peripécias de Sammet e sua trupe ao longo dos anos. Ousado, seguro e consciente. Épico, melódico e bem humorado. Acho que esses são adjeitvos que resumem bem o que se ouve na agradável uma hora de duração do disco.
      O Edguy chegou a maturidade musical. Foi uma jornada que dividiu opiniões e continuará a dividir. Tobias é um workaholic incansável e inquieto, que nunca se acomoda em alguma sonoridade específica, e nessa maturidade atingida, imagino que as ideias aflorarão com ainda mais força e intensidade, e o futuro da banda há de ser de mais e mais ótimos discos.
          A versão nacional vem com CD bônus cheio de material extra. Não perca!


O Edguy é:

Tobias Sammet – Vocais
Jens Ludwig – Guitarra
Dirk Sauer – Guitarra
Tobias Exxel – Baixo
Felix Bohnke – Bateria



Track List:

  1. Robin Hood (08:26)
  2. Nobody's Hero (04:33)
  3. Rock Of Cashel (06:20)
  4. Pandora's Box (06:47)
  5. Breathe (05:05)
  6. Two Out Of Seven (04:29)
  7. Faces In The Darkness (05:24)
  8. The Arcane Guild (05:00)
  9. Fire On The Downline (05:48)
  10. Behind The Gates To Midnight World (08:58)
  11. Every Night Without You (04:52)





2 comentários:

  1. O único ruim da resenha, é que eu não sei a nota que você deu ao disco, e isso para mim é indispensável, mas acredito que seje algo em torno de 9 e 10.

    Boa resenha, destacou todas as faixas e ainda falou sobre os rumos tomados pelo Edguy nesse disco. A melhor faixe sem duvida nenhuma é a "caixa de pandora", concorda?

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  2. Bem, já que você falou disso, a partir de agora vou sim colocar notas nas resenhas. Pode deixar!

    E concordo, Pandoras Box é a faixa que mais me agradou :D

    Obrigado pelo comentário ;D

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