O Rhapsody of Fire chegou ao fim de uma era. Este “From Chaos to Eternity” é o derradeiro capítulo das sagas épicas idealizadas por Luca Turilli e sua trupe, e após ele a banda não voltará mais as terras mágicas que foram desbravadas ao longo dos anos. Eles foram os pioneiros nessa ideia de explorar fantasia e magia em arranjos sinfônicos bombásticos num genuíno Power Metal europeu, foram os mentores de centenas de bandas que se espelharam em seu trabalho, foram mestres, ícones, já são praticamente lendas do estilo. É algo realmente um pouco difícil de encarar, mas vamos ver o que o futuro reserva e que nos trará daqui para diante os mestres italianos do Power Metal.
Mas enfim, vamos ao que interessa: seguindo o protocolo a abertura fica a cargo de um prelúdio, 'Ad Infinitum', que mais uma vez conta com a voz poderosa de Christopher Lee fazendo uma narração imponente. O interessante nessa faixa é que não é apenas orquestral e com coro, mas também conta com uma fantástica base de guitarra, criando um clima bem fora do usual. A intro emenda-se na faixa título, que tem linhas de teclado muito intensas, sempre presentes, bons riffs e um refrão legal. Uma típica faixa rhapsodyana dos trabalhos recentes. Muito boa para começar os trabalhos em si.
Logo depois temos uma inovação bastante positiva: a primeira música “rápida” da banda cantada em italiano, 'Tempesta di Fuoco'. Estamos acostumados a ouvir a bela língua italiana em baladas e canções épicas mais lentas, e no começa soa um pouco estranho o idioma em melodias mais aceleradas, mas logo nossos ouvidos se acostumam e nos damos conta de como também soa bem dessa forma, num leque muito interessante de variações na interpretação de Lione. As guitarras tem riffs cortantes e rápidos, mais doses do teclado melódico e com algumas gotas de prog, e orquestrações muito dignas. Ótima canção.
'Ghosts of Forgotten Worlds' já começa com riffs espalhados por todos os lados, misturado com linhas de teclado aceleradas e bastante progressivas. Aliás, a música tem várias quebras que remetem ao progressivo, e diria que falta um certo que de pomposidade a canção no geral, mas o refrão consegue ser muito bom e impactante. Algo que soa pelo menos para mim é um certo clima de tensão. Voltando ao idioma mãe temos 'Anima Perduta', uma típica canção épica, que de novo não tem nada, mas consegue ser grandiosa e emocionante. Uma belíssima peça.
O caos que tem menção no título do disco se faz presente na faixa 'Aeons of Ranging Darkness'. Temos uma profusão estonteante de riffs furiosos, vocais rasgados de Lione esbanjando raiva, bateria numa pegada espetacular, tudo misturado de uma forma de tirar o fôlego. De longe uma das faixas mais ousadas da discografia da banda. Mas depois vem uma das mais lindas canções que ouvi nos últimos tempos: 'I Belong to the Stars' é mais simples, tendo orquestrações um pouco discretas, corais bem colocados, mas de ponte e refrão de emocionar. Letra muito boa e é uma música realmente fabulosa.
'Tornado' é bastante pesada, com velocidade e orquestrações latentes, bons riffs e uma atuação excepcional de Alez Holzwarth nas baquetas. Um boa canção.
O gran finale é uma obra de arte monumental. 'Heroes of the Watterfall's Kingdom' é um super épico de 19 minutos que une absolutamente tudo o que o Rhapsody of Fire já fez em sua longa carreira. Tem o começo calcado no folk, com estrofes em italiano e flautas por todos os lados, para mais tarde explodirem corais bombásticos, orquestras grandiosas e refrões de canter junto até perder o fôlego. Passagens teatrais de arrepiar, com narrações que nos fazem mergulhar no desfecho da história, com momentos de pura tensão, que prendem a atenção até a respiração ficar suspensa. Tudo crescendo e se condensando até o ápice apoteótico que coloca ponto final em uma das maiores sagas musicais de todos os tempos. Uma música que eu me arrisco a dizer que está no limite da perfeição absoluta, um último capítulo que coroa gloriosamente a genialidade dessa banda inquestionável.
“From Chaos to Eternity” pode talvez não agradar a todos os fãs, talvez soando como um álbum de altos e baixos e distante demais dos primeiros trabalhos. Mas com certeza é um ótimo álbum, mostrando que a banda está madura e sem interesse de seu auto-copiar eternamente. Agora é aguardar para ver o que os mestres do Power Metal Sinfônico vão preparar para esta nova fase.
Desde já no aguardo!
O Rhapsody of Fire é:
Fabio Lione – Vocais
Luca Turilli – Guitarra
Tom Hess – Guitarra
Alex Starapoli – Teclados
Alex Holzwarth – Bateria
Patrice Guers – Baixo
Track List:
- Ad Infinitum (01:30)
- From Chaos to Eternity (05:45)
- Tempesta Di Fuoco (04:48)
- Ghosts of Forgotten Worlds (05:35)
- Anima Perduta (04:46)
- Aeons of Raging Darkness (05:46)
- I Belong to the Stars (04:55)
- Tornado (04:57)
- Heroes of the Waterfalls' Kingdom (19:32)
Algumas versões contam com 'Flash of the Blade' (do Iron Maiden) como bônus, e ficou um ótimo cover, vale a pena conferir.
Sabia que voce ia gostar desse disco, e ainda bem que voce voltou.
ResponderExcluirPois é Rubens, gostei demais desse disco mesmo :)
ResponderExcluirE pretendo voltar a ser mais ativo, obrigado por visitar o blog ;)