Com certeza o Týr é uma banda que surpreende. A começar por seu país de origem. Sinceramente, o que você caro leitor saberia dizer sobre o remoto arquipélago de Ilhas Faroé? Pois é, sem o velho amigo Google eu também não saberia. Fica entre a Escócia e a Islândia, e em tempos passados já fora parte do reino dinamarquês. E surpreende também pelo som que faz, de fato nunca antes ouvira algo parecido cm a música que eses caras de um lugar tão remoto fazem.
Misturar vertentes é muitas vezes a fórmula para fazer música de destaque em meio ao marasmo e a mesmice em que cenário metálico se tornou. E o Týr conseguiuse tornar um gigante na europa graças a isso, e agora aos poucos começa a tomar conta do mundo inteiro. Eles conseguem fazer uma mescla incrível da grandeza do metal sinfônico, uma veia progressiva muito latente e toda a magia e encanto que só o folk metal do norte europeu consegue transmitir.
E essas características foram sendo construídas ao longo de quase 10 anos, e atingiu seu ápice agora, com este fabuloso “The Lay of Thrym”, que é uma fusão perfeita de tudo que eles já aprontaram pelo mundo Heavy Metal.
O disco já começa direto e reto, sem intro ou faixa ambiental de abertura. 'Flames of the Free' já dá o tom do que se vai ouvir no decorrer da audição. Tem riffs precisos, bom trabalho de baixo e bateria simples porém bem colocada formando uma boa base. O refrão é meio quebrado, pendendo para o lado mais progressivo, e o vocal é apenas de Heri Joensen, mas até parece que é um pequeno coro cantando. Muito boa abertura.
Se a primeira denota um pouco mais da faceta progressiva, a segunda, 'Shadow of the Swastika' é bem mais calcada no folk. A atuação do baterista Kári Streymoy é bem mais destacada, bastante cavalgada e empurrando o peso da canção para o alto. Os riffs são mais complexos, com bons solos. O clima é o de um hino de batalha, muito épico!
E quando a pedida é impacto a faixa seguinte é perfeita para isso. 'Take Your Tyrant' logo de cara começa grandiosa, desandando num instrumental um pouco mais tradicional no metal, mas exalando os louvores a cultura nórdica. O vocalista deixa a voz um pouco mais solta em algumas passagens, propiciando um quê a mais muito bem vindo. Logo a seguir chega 'Evening Star', que nos primeiros acordes mostra a qu é: uma balada épica, digna dos épicos poemas dos escaldos nórdicos de eras passadas. A suavidade do começo vai crescendo e crescendo, até chegar num tocante zênite de grandiosidade e impressividade. Uma belíssima faixa, daquelas que as bandas escandinavas são especialistas em fazer.
'Fields of the Fallen' tem mais do ar prog, apesar de ser bastante reta e sem muitas variações durante sua duração. Os riffs são densos e compactos, a cozinha discreta mas muito competente, os vocais não ousam muito e o refrão é um pouco menos empolgante que os outros. É uma boa faixa, mas ligeiramente inferior que outros no disco. A música seguinte, 'Konning Hans' tem o diferencial mais interessante, o fato de ser cantada em dinamarquês (pelo menos acredito que seja, espero não estar falando uma imensa bobagem). É bastante épica, com o caráter folk bastante evidente. O vocal mais agressivo em algumas partes. Ótima canção!
E nessa vibe de cantar em línguas escandinavas também vem 'Ellindur Bóndi Á Jadri', tem mais cara de música festiva adornada de peso. Muito empolgante, com a bateria pegando muito, riffs cortantes e o baixo concretando aos fundamentos para os demais instrumentos. É daquelas de pegar seu caneco de hidromel, levanta-lo aos céus e cantar junto com seus companheiros!
A reta final do disco se aproxima. 'Nine Words of Lore' é um peculiar meio termo entre a impetuosidade sinfônica e uma certa cadência prog, exalando também bastante do orgulho nortista. Bela canção. E a faixa que dá nome ao trabalho é a que o encerra. 'Lay of Thrym' não é exatamente longa, mas tem o mesmo impacto de algum épico que transpasse os dez minutos. Tem muitas variações, da suavidade de alguns dedilhados até explosões sinfônicas com corais bombásticos e grandisos. Final honroso!
E ainda temos dois covrsa na versão limitada europeia do disco, 'I' do Black Sabbath e 'Stargazers' do Rainbow. Ambos simplesmente espetaculares. Vale conferir.
A título de curiosidade: o nome do disco vem de um dos poemas mais famosos da mitologia nórdica, "Þrymskviða" ("A Canção de Thrym"). O poema conta a história do gigante Thrym que rouba o martelo de Thor e exige a deusa Freya como pagamento.
Quero dar destaque também para a magnífica arte da capa, feita pelo artista Gyula Havancsák, que desde já é uma das candidatas a mais bonita do ano.
Por fim, um disco de primeira linha, eque se por ventura vier e ter lançamento nacional pode ser adquirido por todos os amantes de boa música.
O Týr é:
Heri Joensen – Vocal e guitarra
Terji Skibenæs – Guitarra
Gunnar Thomsen – Baixo
Kári Streymoy – Bateria
Track List
- Flames of the Free (04:17)
- Shadow of the Swastika (04:23)
- Take Your Tyrant (03:55)
- Evening Star (05:04)
- Hall of Freedom (04:06)
- Fields of the Fallen (04:59)
- Konning Hans (04:27)
- Ellindur Bóndi á Jaðri (03:55)
- Nine Words of Lore (04:04)
- The Lay of Thrym (06:48)
Myspace: http://www.myspace.com/tyr1
Sou grande fã da banda e esperava ansiosa pelo lançamento deste album. Concordo totalmente com sua opinião e acho que o Tyr chegou a sua maturidade neste albúm. Você pode reconhecer sua sonoridade em cada uma das faixas, principalmente na faixa título. Somente uma correção, as duas músicas que não são cantada em inglês, são cantadas em Feroês, que é uma das duas linguas oficiais das Ilhas Faroé, terra natal da banda. Grande album e excelente resenha.
ResponderExcluirMuito obrigado pela informação correta Iene, eu sabia que podia ser algo assim mais exótico ainda XD
ResponderExcluirE muito obrigado pelo elogio também, fico muito honrado comsua atenção ;)