sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sirenia - The Enigma of Life

      Morten Veland decididamente gostou dos resultados que obteu com seus dois discos anteriores do Sirenia, “Nine Destinies and a Downfall” (2007) e “The 13th Floor” (2009). O que se ouviu nos citados trabalhos dá as caras novamente neste novo disco de Inéditas, “The Enigma of Life”. Não há nada realmente novo, original ou inovador, apenas mais flexões do que já fora explorado anteriormente, mas que consegue ser inspirado, interessante e não ser abusivamente repetitivo.
       Na comparação com os primeiros discos da banda, o som apresentado soa decididamente menos intenso e climático, mas sem perder muito do peso ou nada em grandiosidade. “The Enigma of Life” tem as caractarísticas que se tornaram marca registrada das compoisções de Veland: orquestras pomposas e corais grandiosos e impactantes, que mesmo nesse redirecionamento acabam rementendo a seus momentos dourados no Tristania. Muitos fãs acusam Mortem de se entregar às tendências comercias do mercado, amaciando demais o som da banda, tornando-o mais facilmente digerível e apenas um produto enlatado, que é diferente demais do som das origens da banda. Eu pessoalmente não seria tão extremista. Acredito que houve apenas uma inversão de valores dentro do conceito musical que envolve o Sirenia: nos dois primeiros trabalhos, “At Sixes and Sevens” (2002) e “An Elixir for Existance” (2004), o que prevalecia era um Gothic Metal intenso e atmosférico, que aglutinava elementos sinfônicos. Atualmente eu observo que acontece um movimento inverso, onde o predomínio é mais do lado sinfônico, com corais e orquestrações mais latentes, juntamente com momentos Gothic mais discretos, mas sempre presentes.
       A primeira música é a já conhecida 'The End Of It All', que havia sido lançada em forma de single em dezembro passado. A versão do disco é mais interessante, um pouco mais longa e com passagens guturias de Morten. É sim uma boa música, mas soa meio genérica, e não é um dos pontos altos do disco. Na sequência vem outra já conhecida, 'Fallen Angel'. No single lançado estava ela em versão acústica, que pelo para mim era um tanto insossa. Mas agora temos uma bela peça, que já tem mais a ver como se desenrola no disco como um todo.
     'All My Dreams' chega com uma cara meio industrial, repleta de ruídos metálicos, que dão um clima realmente interessante para a canção. Muito bem construída, com ótimo refrão, corais e uma atuação impecável de Ailyn (visivilmente mais a vontade no posto de front-woman, a primeira a ficar em dois discos consecutivos). Uma das minhas favoritas. Na sequência vem a bem pesada 'This Darkness', outro refrão muito bom, Mortem com participação mais evidente e passagens sinfônicas muito satisfatórias. Numa linha similar vem 'The Twilight InYour Eyes', só que numa cadência um pouco reduzida. Ótima música.
       Ailyn se mostra mais uma vez muito segura e confiante, dessa vez em 'Winter Land', de veia sinfônica bem latente, instrumental bom e corais sempre marcantes. A faixa seguinte, 'A Seaside Serenade', tem um que de grandiosidade muito peculiar, mesmo sendo bem simples, mas tendo a impressão de ser uma peça bem mais pomposa. Também muito boa. 'Darkened Days to Come' tem o diferencial de possuir passagens com os vocais limpos de Mortem, que garante uma cara mais original; no mais, outra ótima faixa, com ótimo refrão e momentos grandiosos.
      Outra das minhas favoritas é 'Coming Down', bem pesada e intensa, com vocais raivosos de Veland, teclados discretos mas interessantísimos e corais matadores. A dupla 'This Lonely Lake' e 'Fading Star' seguem no padrão que se ouviu ao longo do disco, sem grandes viradas ou coisas impressioanntes, mas competentes dentro do que se propõe, e nos levam para o derradeiro final do play.
      A faixa título é a mais longa, e trata-se de uma balada repleta de melancolia. Lenta e arrastada ela segue numa ótima interpretação de Ailyn, corais realmente surpreendentes e instrumental com bastante feeling, mas que poderia ser mais trabalhado. Mas de qualquer forma um final até certo ponto inesperado e digno.
      Como pode-se notar, não temos nenhum grande destaque, mas sim boas músicas que formam um todo bem interessante. A guitarra de Morten (que aliás toca absolutamente tudo na banda em estúdio) está bem presente e atuante, acredito que até mais que no disco anterior. Nos demais instrumentos ele é bem competente, mas nada de espetacular, mas dá para o gasto. Talvez seja isso que falte ao Sirenia, mais integrantes fixos, que tenham outras influências, que acrescentem coisas novas, um sangue novo a banda. Daí então, decididamente, teria cara de banda mesmo, não só mais um projeto de Morten Veland.
     Vale ressaltar que a bonita arte gráfica é do brasileiro Gustavo Sarzes, que vem se tornando um expoente nesse mercado.
      Resumindo: uma evolução natural de “The 13th Floor”. Um disco bom, agradável e que deve satisfazer aos fãs que gostaram, assim como eu, dessa cara nova que o Sirenia adotou.


O Sirenia é:

Ailyn – Vocais
Morten Veland – Guitarra, Baixo, Bateria, Teclados e programações

Track-List:

  1. The End of It All (4:31)
  2. Fallen Angel (3:59)
  3. All My Dreams (4:42)
  4. This Darkness (4:00)
  5. The Twilght In Your Eyes (4:00)
  6. Winter Land (3:55)
  7. A Seaside Serenade (5:53)
  8. Darkened Days To Come (4:22)
  9. Coming Down (4:38)
  10. This Lonely Lake (3:33)
  11. Fading Star (4:46)
  12. The Engma of Life (6:16)

Vão se apresentar na Wacken desse ano. Uma grande oportunidade de mostrar seu trabalho ao grande público do Metal. E algo me diz que há de sair um DVD (pedidio antigo dos fãs) desse show :p

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