Para não dizer que eu simplesmente abondonei este espaço resolvi fazer este post elencando minhas 15 músicas favoritas (ser sobre discos seria muto manjado) lançadas neste ano que vai chegando ao fim. E com isso também aproveito pra citar alguns discos que acabei negligenciando ao longo do ano.
Vamos lá:
15- Eluveitie: A Rose for Epona
Um som bem menos agressivo da banda, mas nem por isso ruim. Um som mais acessível, mas que de forma alguma deixa desoar como Eluveitie.
14- Candlemass: Waterwitch
Doom Metal na sua forma mais pura e genuína. Uma peça fantástica dessa lenda sueca.
13- Jess and the Ancient Ones: Twilight Witchcraft
O Jess and the Ancient Ones faz parte dessa nova onda que apareceu faz algum tempo, onde bandas de metal apostam num som calcado no rock setentista, bastante stoner, e abordando temas místicos e obscuros. O disco auto-intitulado de estreia deles é exatamente isso, canções empolgantes, de clima retrô irretocável e carregado deum misticismo fascinate.
12- Kamelot: Sacrimony (Angelof the Afterlife)
Existe vida sem Roy Khan! Certo que a banda arrumou um figura que canta exatamente igual ao Roy, mas o cara tem talento e ajudou a fazer único esse excepcional Silverthorn.
11- Skálmöld: Narfi
O segundo disco dessa fantástica banda islandesa de Viking Metal, Börn Loka, saiu esse ano. E essa é faixa que eu mais curti no disco, que pega a parte mais crua com algo mais elaborado e folk.
10- Avatar: In Napalm
BlackWaltz é o quarto disco dessa banda sueca de Death Melódico. Ousado, inovador e cheio de pirações. Incrível!
9- Sonata Arctica: Loosing My Insanity
Segue a proposta do disco: simples, direta e cativante. Um som muito bacana e que não deve nada em relação o power na velocidade daluz de outros tempos.
8- Vision Divine: Beyond the Sun and Far Away
Fábio Lione é um monstro,e mesmosem o suporte operístico do Rhapsody o Fire ou o que ser após a confusão toda da separação, consegue uma interpretação grandiosa e cheia de vigor.
7- Diablo Swing Orchestra: Honeyt Tap Aftermath
Metal e jazz tem tudo a ver. E Pandora Piñata éum dos melhopres discos de 2012 disparado.
6- Eluveitie: Luxtos
O fato dessa música ser cantada praticamente toda em alguma língua celta incompreensível a concede um charme e tanto, e aliado com o impacto de um refrão empolgante me fez ficar apixonado por ela.
5 - Ensiferum: Pohjola
Som super épico. Cantando em finlandês exaltando a grandezae nobreza dos povos do Norte.
4- Epica: Requiem fot thr Indifferent
Faixa do disco de mesmo nome que mais me fez lembrar dos primeios trabalhos do Epica. Mistura muito bem a faceta antiga dos sons meio orientás emístcos com o peso e a agressividade mais death dos discos recentes.
3- Katatonia: The Racing Heart
Do tipo de canção do Katatonia com refrão grudento e um clima melancólico perfeito.
2- Katatonia: Lethean
O que me ganhou nessa foi a letra.
1- Paradise Lost - Tragic Idol
Faixa título que traduz muito bem o espírito do disco como um todo. Dinâmico, melancólico, pesado e com honrosas referências ao passado.
Então é isso aí! Sei que fui bem desleixado com o blog esse ano, e não posso prometer que ano que ve seja diferente.
Mas de qualquer forma o meu mais sincero muito obrigado para vocês poucos que vez e outra passam os olhos por cima das linhas que este humilde sujeito escreve. Um feliz natal e ótimo ano novo, com muito heavy metal e boa música!
Metal Meltdown
Opiniões pouco embasadas de um fã de Heavy Metal :)
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Candlemass - Psalms for the Dead
Doom
Metal e Candlemass são praticamente sinônimos. A banda consolidou e deu ares de
seminal a esse estilo que tem suas raízes mais profundas nos primeiros discos
do Black Sabbath, no alvorecer dos anos 70, lançando trabalhos que se
imortalizaram na história do metal mundial, influenciando centenas de artistas
nos anos futuros.
Uma carreira sólida de praticamente trinta
anos pode estar chegando ao seu fim com este “Psalms for the Dead”, dado as
constantes declarações dos integrantes falando sobre este ser o último registro
de estúdio desta lenda sueca do heavy metal. Mas há de se destacar o pode, pois nunca se sabe quando esses
discursos de despedida e encerramento de atividades é a sério, sendo ignorado
pouco tempo depois para uma “volta” triunfal. Enfim, por causa dessa concreta
possibilidade não pretendo me ater em lamúrias pelo fim da banda ou quaisquer
que sejam os planos dos integrantes.
Três
anos depois do fantástico “Death Magic Doom” vem à luz deste mundo “Psalm for
the Dead”, um disco que traz a marca do Candlemass nos últimos anos: peso
plúmbeo, grandes e épicas melodias e sem jamais perder a essência sombria e
mística que a banda tão habilmente usou ao longo das décadas.
A
primeira faixa é ‘Prophet’, que logo
de início já chega com riffs cavalgantes e pesadíssimos, grandes linhas de
baixo junto com a bateria formando um paredão sonoro imponente, que garante o
peso sem perder nada da melodia. Logo em seguida vem a épica ‘The Sound of Dying Demons’, com seu
começo arrastado, classicamente Doom, que cresce e cresce até o seu refrão
majestoso. Candidata forte à melhor do disco.
A
música seguinte tem decididamente um dos nomes mais bizarros que eu já vi por
aí: “Dancing In The Temple (Of The Mad
Queen Bee)”. Significados dúbios à parte, temos aqui uma ótima canção,
super dinâmica, com riffs e solos corretíssimos e a sempre marcante
interpretação de Robert Lowe nos vocais. A seguir voltamos para o Doom
arrastado e muito pesado; ‘Waterwitch’
tem aquele andamento perfeito para te deixar ansioso, um pouco tenso talvez,
quase como a trilha sonora de um filme de suspense. Outra incrível canção com
pinta de clássico.
Somos
convidados para um passeio pelo misticismo egípcio com ‘The Lights of Thebe’, uma música que pega um pouco do lado
clássico da banda com influências mais modernas, resultando em uma sonoridade
muito interessante. Bastante épica e grandiosa também. A faixa que dá nome ao
trabalho é a próxima, que parece com uma canção fúnebre, bastante melancólica
apesar dos momentos mais impactantes. Destaque para refrão, mais simples, mas
que compensa com beleza.
‘The Killing of the Sun’ e ‘Siren Song’ encaminham o desfecho da
obra, ambas bastante variadas e criativas, mas sempre mantendo o cerne Doom que
dá o tom no disco todo.
E
terminando temos a no mínimo intrigante ‘Black
as Time’. É quase hipnótico o monólogo de abertura, com um sotaque britânico
carregado, com o bater de ponteiros de relógio ao fundo, dissertando sobre o
tempo (imaginei um rosto austero iluminado em um fundo escuro falando essas
palavras, mas enfim). A parte musical não deixa a desejar, mando ver no peso e
nas melodias grandiosas. Um encerramento digníssimo para um senhor disco.
Se
a banda vai parar realmente de lançar discos inéditos, mudar integrantes, parar
de fazer turnês ou mesmo shows, isso eu não faço a menor ideia. Só o futuro nos
dirá. Mas o que eu sei e afirmo com convicção é que esses respeitáveis senhores
suecos continuam com bastante relevância no cenário metálico internacional, e
com disposição poderiam render muito bem por mais alguns bons anos ainda, para
aí sim pensarem uma aposentadoria definitiva e sem sinal de decadência.
“Psalms
for the Dead” é um excelente disco de Doom Metal contemporâneo, que tem os dois
pés bem fincados no presente, usando sabiamente os elementos do passado sem
soar datado, e que eu acredito que vai agradar os fãs dessa banda mítica. Pode
garantir o seu já!
Nota 9
O Candlemass é:
Robert Lowe - Vocal
Lars Johansson – Guitarra
Mats Björkman – Guitarra
Leif Edling – Baixo
Jan Lindh – Bateria
Track List:
- Prophet
- The Sound of Dying Demons
- Dancing in the Temple (Of the Mad Queen Bee)
- Waterwitch
- The Lights of Thebe
- Psalms for the Dead
- The Killing of the Sun
- Siren Song
- Black as Time
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Luca Turilli's Rhapsody - Ascending to Infinity
Como
não poderia deixar de ser, fiquei muito surpreso com essa história mal contada
sobre a separação repentina do Rhapsody of Fire. Pessoalmente não vi o menor
sentido em haver duas bandas diferentes para fazer exatamente o mesmo tipo de
música. Ao ouvir este “Ascending to Infinity” precisei mudar um pouco de
opinião.
Parei
para ouvir este disco com a menor das expectativas. Sinceramente. Eu estava
esperando simplesmente mais um disco do Rhapsody of Fire, que apesar de muito
bons lançamentos recentes, praticamente soasse idêntico aos discos anteriores.
Com o primeiro vídeo, a capa do disco e track list essa impressão apenas cresceu.
Esperava ouvir mais uma vez as mesmas melodias pomposas, super trabalhadas, com
riffs um tanto progressivos e orquestrações imensas e muito épicas. Muito bumbo
duplo e solos na velocidade da luz, uma abertura instrumental com alguma
narração qualquer, além de uma baladinha folclórica em italiano e um super
épico de quinze a vinte minutos fechando o disco. Nada mais do que isso.
O
curioso é que praticamente tem tudo isso aí mesmo, não fugindo ao “estilo”
clássico que Luca Turilli criou no Rhapsody of Fire. O meu erro mesmo foi achar
que ele soaria idêntico aos últimos
discos.
O
que se nota “Ascending to Infinity” é uma vontade muito grande de Luca em soar
cinemático, imponente, um pouco menos metal até, praticamente deixando de lado
toda a marca progressiva que se ouviu na fase mais recente de sua antiga banda.
De certa forma, não absoluta óbviamente, este é um disco de Power Metal mais
genuíno, que aposta pesado em orquestrações e naquele espírito renovador que
fez do Rhapsody do fim dos anos 90 um dos grandes nomes do Heavy Metal mundial.
Já
se nota alguma diferença na intro que abre o disco. ‘Quantum X’ tem lá uma narração também, mas bem mais discreta, ao
mesmo em tempo que mescla algumas coisas que soam eletrônicas, bem modernas,
com orquestrações e corais bem cinematográficos mesmo. Achei muito
interessante, lembrando as anteriores sem ser exatamente a mesma coisa.
A
faixa seguinte é a que traz consigo o nome do álbum. Logo de cara pode-se
reparar na claríssima intenção de Luca em voltar com tudo no estilo neoclássico
que o consagrou no começo da carreira. Uma faixa mais “seca”, sem tantas
orquestrações, mas que esbanja melodia. Porém não é nada extramente exagerado,
tudo muito bem pensado sem ser forçado ou enjoativo demais. É uma excelente
canção, apesar de flertar perigosamente com o clichê, mas não é o que de melhor
pode oferecer a audição.
‘Dantes Inferno’ por sua vez já é bem
interessante. Tirando o começo um tanto sem graça, a faixa cresce absurdamente
no refrão, pegando forte na influência de ópera tipicamente italiana. Conta com
um ótimo trabalho do teclado tocado pelo próprio Luca, que se alia à orquestra
criando uma atmosfera realmente imponente e grandiosa. Essa sim uma dos belos
destaques do disco.
Uma
faixa mais longa no meio do track list também algo bem pouco comum na
discografia de Luca no Rhapsody. Sendo assim, esta ‘Excalibur’ com seus oito minutos dá uma espécie de reviravolta na
audição, o que prende a atenção de quem ouve e assim foge do óbvio. Mais um
ótimo refrão, carregada de riffs melódicos e uma bateria que faz seu trabalho
corretamente, sem precisar apelar para velocidade exagerada para se destacar.
Uma música de poucas mudanças de andamento, mas as poucas vezes são eficientes
e bem colocadas. Destaque também para as discretas inserções de flautas folks,
que não fariam falta, mas dão um quê a mais de qualquer forma. Mais uma ótima
faixa, que demonstra a interessante revigorada que Luca quer dar a sua música.
Uma boa ideia que surgiu em “From Chaos to
Eternity” (o último do Rhapsody of Fire, de 2011) foi finalmente gravar uma
música rápida em italiano. Luca não foi bobo e nos manda uma assim, desta feita
‘Tormento e Passione’. É uma bela
mistura de uma música comum, rápida e melódica, com as antigas baladas na
língua mãe. O resultado final é muito bom, fazendo justiça ao seu título, pois
poderíamos dividir a músicas em duas partes, a rápida e pesada seria o tormento
enquanto a segunda, cadenciada com muito sentimento, é a paixão. Uma boa
sacada.
‘Dark Fate of Atlantis’ foi a primeira
música divulgada desse projeto. Colaborou com meu mau julgamento sobre o que
viria, pois me pareceu (e continua) chata, clichê e bem desnecessária. Muito
igual a outras coisas.Salvaria apenas o coral do refrão, pois esse sim é algo
de nota.
Mas
logo em seguida vem uma preciosidade, que definitivamente me fez ver o trabalho
com um todo com outros olhos. Um cover, sim, um cover, mas que ganhou uma
versão fantástica e empolgante. ‘Luna’,
originalmente do cantor pop Alessandro Safina, recebeu uma roupagem mais
sinfônica, sem perder a aura pop, sendo de um feeling extraordinário, naquela
paixão que só a língua italiana consegue dar à uma canção. Um acerto em cheio,
uma ideia de gênio que merece ser aplaudida. Não haveria forma mais correta de fugir
do comodismo.
‘Clash of the Titans’ poderia muito bem
fazer parte do “Power of the Dragon Flame” (2002). Épica, de refrão empolgante
e com uma intensidade realmente impactante. Aqui os ditos riffs progressivos
dão as caras, sutilmente, mas se fazendo ouvir. Outra coisa que remete ao outro
Rhapsody são as breves passagens de vocal mais agressivo do vocalista
Alessandro Conti (falo dele em especial mais adiante), que Fábio Lione andou se
aventurando a fazer ultimamente. No geral uma ótima faixa que encaminha o
final.
O
encerramento é a bastante longa “Of
Michael The Archangel And Lucifer’s Fall”. É uma faixa muito boa sim, repleta
de tudo o que se ouviu ao longo do disco e essa conversa de sempre. Não traz
absolutamente nada de novo, feita no molde que suponho Luca ter guardado em um
armário de sua casa. É um pouco frustrante você ouvir um disco que desde o
começo se empenha em não ser tão óbvio terminar com essa obviedade de dezesseis
minutos. Eu gosto de músicas assim, gosto mesmo, mas essa em especial não me
disse nada. Mas de qualquer forma não compromete a proposta do álbum como um
todo.
Sobre
Alessandro Conti: atuação apenas satisfatória. Nesse estilo em que ele canta
existem centenas iguais, e pessoalmente não acho que ele se destaque muito.
Ainda mais pelo fato dele ter exatamente o mesmo sotaque italiano do Fábio
Lione, o que me desagrada um pouco.
“Ascending to Infinity” me surpreendeu.
Bastante. No seu conjunto passa longe do brilhantismo ou genialidade, mas com
momentos individuais que são realmente fantásticos, mas consegue ser competente
e extremamente bem feito e apaixonado. Tem lá suas irregularidades talvez, e um
track list construído ao redor de uma carcaça de um do Rhapsody of Fire, porém
esse ar cinemático muito mais latente e o affair intenso como neoclássico
compensam bem essas ligeiras falhas, resultando assim em um trabalho que deve
agradar bastante os entusiastas desse estilo.
Se
você ainda é fã devoto do metal sinfônico vai amar este disco, senão for tanto
assim pode muito bem gostar dele, mas se não gostar do estilo ou não tiver mais
paciência para isso, é melhor passar longe.
Enfim,
estava pronto para descer a lenha nesse disco, mas Luca me fez tostar um pouco
a língua. É muito bom, porém podia ser melhor.
Nota 8
O Luca Turilli’s Rhapsody é:
Alessandro Conti – Vocais
Luca Turilli – Guitarras e
teclados
Dominique Leurquin – Guitarras
Patrice Guers – Baixo
Alex Holzwarth – Bateria
Track List:
- Quantum X
- Ascending to Infinity
- Dante's Inferno
- Excalibur
- Tormento e Passione
- Dark Fate of Atlantis
- Luna (Alessandro Safina cover)
- Clash of the Titans
- Of Michael the Archangel and Lucifer's Fall
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Sonata Arctica - Stones Grow Her Name
Quando
se trata de Power Metal e/ou Metal Melódico, um dos nomes mais fortes e
respeitados dessa cena é o dos finlandeses do Sonata Arctica. Construíram uma
carreira muito sólida ao longo de seus treze anos de carreira até aqui, tendo
começado com um metal super melódico e acelerado, tipicamente finlandês à
época. Mas o tempo passa e os músicos amadurecem, e às vezes novos caminhos são
tomados.
Tony
Kakko é do tipo inquieto. Ele é a cabeça pensante do grupo e não há como negar
esse fato, sendo dele a responsabilidade de pegar as rédeas e decidir qual o
caminho musical a ser seguido. E nota-se que ele cansou de fazer aquele metal
na velocidade da luz, com bumbo duplo metralhante e arranjos quase impossíveis
de tocar fielmente ao vivo. E foi isso que nós vimos no “Unia” (2007). Músicas
mais simples, com outro ritmo e outra pegada, recheadas de elementos
progressivos e flertando intensamente com o lado mais obscuro do ser humano,
versando sobre tristeza e melancolia. Vibe que seguiu quase a mesma em “The
Days of Grays” (2009), que soa ainda mais melancólico e obscuro, mas que
sutilmente equilibra um pouco essa nova sonoridade com algo do começo da
carreira.
E
é com esse pano de fundo que em 2012 nos chega o mais novo registro do Sonata
Arctica: “Stones Grow Her Name”. A primeira impressão que tive do disco é que
ele consegue ser ainda mais simplista; apenas um muito bom e objetivo disco de
metal melódico. Ao longo das onze faixas que constituem o track list não vemos
grandes firulas ou shows pirotécnicos, apenas músicas consistentes e bem
trabalhadas.
‘Only The Broken Hearts (Make You
Beautiful)’ abre o play com bastante energia e vitalidade, ótimos riffs e
uma levada muito boa, com um refrão no melhor estilo Sonata Arctica
contemporâneo. Uma excelente escolha de música de abertura, que dá o tom do que
ainda está por vir.
Em
seguida temos a moderna e com pegada forte ‘Shitload
of Money’. Com linhas de teclado muito marcantes, quase uma marca
registrada da banda, guitarra competente e linhas vocais muito boas de Tony. E
o teclado já aprece demarcando território brilhantemente logo na faixa
seguinte, ‘Losing My Insanity’. Esta
um pouco mais acelerada já, com alguns riffs que lembram bastante os primórdios
da banda, bateria discreta, mas presente e precisa, e mais um excepcional
refrão com a interpretação única de Tony. Eu acredito que seria um ótimo single
com vídeo clipe.
Arrisco
a dizer que ‘Somewhere Close to You’
ocupe o posto de faixa mais pesada do disco do disco. As linhas de guitarra e
baixo corroboram com isso, sendo densas e num tom mais baixo que cria um
impacto maior no ouvinte. Destaque para a atuação do baterista Tommy Portimo
nessa faixa, uma trabalho realmente muito bom na condução do peso da canção. A
seguir temos o primeiro single do álbum, a peculiar ‘I Have a Right’. Digo peculiar porque a primeiro momento estranhei
sua estrutura pouco comum, parecendo uma balada, mas sem ser um, ao mesmo tempo
em que mistura alguns elementos que eu sinceramente não sei descrever muito
bem. Mas enfim, uma canção de ritmo muito interessante, riffs e solo de Elias
muito competentes resultando em uma sonoridade fascinante.
Nessa
ideia de estruturas mais diferenciadas temos também ‘Alone in Heaven’. Uma
música que dá a impressão de subir e descer com seu refrão forte, que ainda
conta comum belíssimo solo de guitarra e as linhas de teclado sempre marcantes
de Tony. ‘The Day’ é a que eu
considero como mais fraca do registro. Soa aleatória no contexto do disco, além
de faltar sal e parecer que vai do nada para o lugar nenhum. Podia ter sido
deixada de fora em minha opinião.
Se
a faixa anterior soa sem graça e nada demais, a seguinte compensa em dobro ou
em triplo. Caro leitor, você alguma vez já imaginou que viria a ouvir um BANJO
no meio de uma música do Sonata Arctica? Bem, eu pelo menos não. Já vi gente
alcunhando esta ‘Cinderblox’ de
country metal, e olha, eu concordo! Sinceramente achei uma música fantástica em
todos os seus aspectos, ousada e super criativa, com riffs, solos, teclados,
vocais, bateria e banjo funcionando em uma harmonia perfeita. Individualmente
nota 10 para essa faixa!
Depois
dessa efusão cultural o ritmo dá uma bem vinda diminuída e em até nós a linda
balada ‘Don’t Be Mean’. Aquele tipo
de baladinha sem nada de muito complexo, mas com um feeling incrível, que fica
ainda mais notório com a excelente inclusão de alguns violinos. O Sonata é
conhecido também por belas baladas, e manteram a tradição, acertando, e muito,
a mão com essa.
O
encerramento fica a cargo de uma gratíssima surpresa. A banda resolveu resgatar
a faixa ‘Wildfire’, do disco
“Reckoning Night” (2004), dando a ela duas continuações neste novo disco: ‘Wildfire Part II: One With the Mountain’
e ‘Wildfire Part III: Wildfire Town,
Population: 0’.
A
primeira bebe um pouco da fonte country de ‘Cinderblox’, mas que logo descamba
em um Power Metal genuíno e old school, mas que mesmo tempo em que tem várias
variações e quebras progressivas. Já a segunda começa a todo vapor, estonteante
e super acelerada. E segue dessa forma por quase todos os seus oito minutos,
tornando-se um verdadeiro deleite aos fãs que se sentem órfãos da antiga
sonoridade da banda.
Uma
peça de quase dezesseis minutos puramente épica, grandiosa e grandiloquente. Mostrando
que Tony Kakko e sua trupe ainda tem muita criatividade, e que conseguem muito
bem ver o futuro sem deixar de lado o passado.
Muito
bem, um disco bom. Muito bom. Mas que não é brilhante, revolucionário ou um
novo marco na discografia da banda. Mas mesmo assim é um trabalho de audição
agradável, para quem gosta de uma boa música que não seja pretensiosa.
O
próprio Tony, algum tempo atrás, disse que ele queria fazer um disco com
músicas que pudessem ser tocadas ao vivo sem grandes dificuldades. E olha, eu
acho que ele conseguiu com sucesso.
Para
fechar: um belo disco que deve agradar a maioria dos fãs. Aposta na
simplicidade sem ser preguiçoso ou indolente. Ou seja: poder adquirir o seu sem
medo!
Nota 8
O Sonata Arctica é:
Tony Kakko – Vocais e teclado
Elias Viljanen – Guitarra
Henrik Klingenberg – Teclados
Marko Paasikoski – Baixo
Tommy Portimo – Bateria
Track List:
- Only the Broken Hearts (Make You Beautiful)
- Shitload of Money
- Losing My Insanity
- Somewhere Close to You
- I Have a Right
- Alone in Heaven
- The Day
- Cinderblox
- Don't Be Mean
- Wildfire, Part: II - One With the Mountain.
- Wildfire, Part: III - Wildfire Town, Population: 0.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Paradise Lost - Tragic Idol
Algumas
bandas, ao longo de muitos anos de estrada e de experiência, ficam notórias por
conseguirem elaborar um som absolutamente único e marcante. O Paradise Lost é
decididamente uma dessas bandas. Os garotos ingleses de Halifax, hoje já
respeitáveis quarentões, ajudaram a fundar um movimento que viria a se tornar
um dos mais significativos e importantes da história do Heavy Metal. Junto com
Anathema e My Dying Bride, foram pioneiros no Gothic Metal no seu sentido mais
puro e relevante.
O
caminho percorrido pela banda foi uma verdadeira montanha russa. Desde o começo
onde a aposta era um Death/Doom arrastado e tétrico, passando pelos clássicos
que o consagraram com mestres do Gothic, flertando com o eletrônico e o
alternativo para por fim retornar ao bom e velho peso mesclado com melancolia e
obscuridade nos trabalhos mais recentes. Mas, mesmo com tanta variação e
experimentações musicais, o Paradise Lost conseguiu sempre manter uma
identidade muito própria, sempre soando como eles mesmos. Os riffs muito marcantes
de Greg Mackintosh e os vocais fortes e densos de Nick Holmes ajudaram muito
nisso.
A
consolidação da banda em uma proposta musical, que se deu nos três últimos
trabalhos, apostando no peso, na técnica e melancolia, é o cenário que traz à
tona este “Tragic Idol”, décimo terceiro disco de estúdio da banda. Temos aqui
um disco absolutamente maduro, consistente e recheado de músicas que podem se
tornar clássicos junto aos fãs. Como já disse antes, a ideia é mandar ver no
peso, mas ao mesmo tempo criando uma atmosfera sombria e melancólica, com
letras que fecham com essa proposta. Temos reverências ao passado, resgatando
muitas sonoridades antigas. Como a própria banda havia prometido, é uma espécie
de junção do peso de “Faith Divides Death Unites Us” (2009) com as altas doses
de melodia de “In Requiem” (2007).
A
abertura fica a cargo de ‘Solitary One’.
De cara se nota a vontade de fazer algo que faça lembrar de discos passados,
pois a canção tem um clima melancólico e lento muito característico no disco
“Icon” (1993). Os riffs de Greg são o mais belo Gothic possível, arrastados na
medida certa, sem se tornarem chatos, com o feeling único que caracteriza o som
da banda. Os teclados garantem a ambientação sombria e soturna, enquanto Nick
fecha o pacote com uma performance impecável.
A
faixa seguinte já é conhecida desde fevereiro, quando foi disponibilizada como
presente de dia dos namorados (que nos EUA, e boa parte da Europa, se comemora
em 14 de fevereiro). ‘Crucify’ é um
petardo de peso e agressividade. Seja talvez a faixa mais reta, calcada
basicamente na ideia do peso, sem grandes outras influências, mas mesmo assim
uma excelente canção.
Fazer
um mix de peso com muita melodia foi algo certeiro em ‘Fear of Impending Hell’. Tudo muito harmoniosamente encaixado, com
nenhuma das facetas ganhando destaque demais, a intensidade se une ao melódico
perfeitamente, representado em um ótimo exemplo na atuação de Nick, que varia
entre o mais rasgado e o totalmente limpo com bastante facilidade e eficiência.
Claro que ele não é mais o garoto que fazia aqueles sonoros guturais da era
primordial, mas de qualquer forma sua técnica vocal esta mais afiada do que
nunca. E com a maturidade que os anos trouxeram ele achou a maneira mais
confortável de cantar. E convenhamos, como canta ele!
‘Honesty in Death’ é o primeiro single
de “Tragic Idol”. Uma canção que alterna entre momentos bem pesados com outros
mais calmos, com um refrão muito marcante e que logo gruda na cabeça. Conta com
um vídeo clipe muito bom e que segue a tradição de ótimos trabalhos visuais que
a banda produz. E para manter o nível alto e não deixar tempo nem para
respirar, chega a pedrada ‘Theories From
Another World’. Grandes riffs, baixo matador e outra (ele de novo!) atuação
magistral de Nick Holmes nos vocais. É preciso destacar também o trabalho de Adrian Erlandsson (que já teve passagens por
várias bandas de metal extremo) na bateria, que é outro dos responsáveis pelo
generoso acréscimo de peso no som da banda desde o último disco.
A pegada continua firme,
agora com ‘In This We Dwell’ e sua
bateria cavalgante e riffs mais retos e cortantes, além de um solo com o selo
de qualidade Greg Mackintosh. A mais curta do disco, e com um andamento tão
intenso que deixa uma vontade daquelas de bater cabeça. Grande música, e
imagino que deva funcionar muito bem ao vivo. A seguir vem ‘To The Darkness’ com todo seu vigor. Um
conjunto muito coeso do que se ouviu até aqui, com belos riffs, bateria muito
pesada, baixo fundamental e um senhor refrão de encher a boca. Mais um dos
pontos altos do trabalho.
A minha favorita é a
faixa título. Nela, a forma como tudo se encaixou ficou excelente e me causou
uma impressão muitíssimo positiva. A letra é fantástica, de cabo a rabo, muito
bem pensada e construída com a melodia da canção. Talvez esta seja o melhor
exemplo da proposta atual do Paradise Lost, lembrando do passado, sem renegar
os trabalhos recentes e nem nada que já fora feito, buscando assim soar sempre
original e criativo dentro dessa sonoridade tão única que foi alcançada.
Com ‘Worth Fighting For’ a audição encaminha seu final. Eu vejo essa
música como a que mais mistura uma sonoridade acessível com a parte pesada e de
distorção de digestão mais lenta e, com isso, atinge um resultado muitíssimo
interessante. E a farra termina de vez com a fantástica ‘The Glorious End’ (cara de pau pouca é bobagem). Super arrastada e
lenta, no molde de ‘Forever Failure’
do seminal “Draconian Times” (1995), porém soando contemporânea e cabível no
nosso tempo. Um refrão imponente, solo corretíssimo e o clima retrô totalmente
bem vindo, tudo isso fechando o trabalho lá em cima.
Toda a estética do disco
é muito interessante, em todos os seus aspectos. Desde os arranjos, melodias e
vocais, passando pela produção cristalina e irrepreensível até chegar à
belíssima arte da capa, rica em detalhes que se conectam com os temas líricos
da banda. Ou seja, um trabalho lapidado ao extremo, com a intenção de
proporcionar uma bela peça de arte ao acervo de seus fãs.
Um track list compacto e
de audição fácil, onde a audição flui naturalmente e sem se tornar cansativa. O
melhor disco da banda em bastante tempo (e isso é um feito, já que nos últimos
anos lançaram uma seqüência de discos ótimos), que une de tudo um pouco,
resultando em um trabalho firme, coeso, maduro e que consagra um estilo único
de fazer metal que é o do Paradise Lost.
Nota 9
O Paradise Lost é:
Nick Holmes – Vocais
Greg Mackintosh – Guitarra Solo
Aaron Aedy – Guitarra Base
Stephen Edmondson – Baixo
Adrian Erlandsson – Bateria
Track List:
- Solitary One
- Crucify
- Fear of Impending Hell
- Honesty in Death
- Theories from Another World
- In This We Dwell
- To the Darkness
- Tragic Idol
- Worth Fighting For
- The Glorious End
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Epica - Requiem For The Indifferent
De
uma forma ou de outra, bastante sutilmente muitas vezes, o Epica é uma banda
socialmente engajada. Desde o começo da banda tivemos várias canções que
abordaram temas políticos, sociais, ambientais e religiosos, quase sempre em
tom duro de denúncia e desaprovação. E continuando com essa característica
chega até nós o quinto álbum de inéditas dos holandeses: “Requiem For The
Indifferent”.
Podemos
notar logo de cara a proposta do trabalho através de sua capa, que mostra algo
que metaforiza um possível futuro do planeta e da humanidade: um mundo
metálico, plastificado, sem cor e sem vida, e quando raramente estas aparecem
são vistas quase como um milagre e causam espanto. Um mundo que há de ser
tomado por andróides e máquinas, deixando de lado a essência pura do ser
humano. Assim, desde logo nos propõe a refletir a respeito do que estamos
fazendo com o nosso lar, maltratando-o, poluindo-o e não mostrando um pingo de
respeito ou agradecimento por tudo o que ele já nos deu. Ao mesmo tempo em que
questiona os impressionantes avanços tecnológicos que vivenciamos atualmente,
perguntando se vale a pena chegar tão longe.
É
um bocado de idéias que se pode tirar apenas da arte da capa, e isso denota que
o Epica é uma banda que consegue com sucesso entrelaçar muito bem todos os
aspectos que constituem uma concepção de trabalho artístico.
A
audição começa como não poderia deixar de ser, com uma introdução instrumental.
‘Karma’ soa um pouco diferente das
aberturas dos dois últimos discos, que eram mais impactantes, mais
cinematográficas. Esta me parece um pouco mais contida, e que de certa forma
flerta com o início da banda, com uma atmosfera mais densa e soturna adornada
com instrumentos de sopro diferenciados e com mais destaque para corais com
vozes femininas.
Na
seqüência chega a pancada ‘Monopoly on
Truth’ chutando baldes. Já de início ouvimos a bateria sempre ensandecida
de Ärien, riffs rápidos e densos, boas orquestrações que foram uma base muito
sólida para o restante do som. É uma faixa longa, com bastante variação, corais
e refrões grandiosos. Simone cantando muito bem como sempre, e Mark está com s
guturais afiadíssimos. Algumas partes dessa música me parecem claramente
remeter ao disco “Consign to Oblivion” (2005), o que se repete algumas vezes ao
longo da audição do disco, dando a entender que de fato eles realmente
aproveitaram para incrementar um pouco do som atual com pinceladas do passado.
Um belo acerto.
A
faixa seguinte é o primeiro single do trabalho: ‘Storm the Sorrow’. Eu pessoalmente gostei muito dessa escolha por
dois motivos. O primeiro é que mantém a tradição de sempre pegar músicas
diferentes umas das outras para single, já que se prestarmos atenção nenhum dos
singles da banda pode ser considerado idêntico ao anterior, como muitas bandas
fazem. O segundo é que uma música até que ousada para ser usada como
carro-chefe do disco, pois é bem pesada e não é exatamente de fácil digestão.
Mas de qualquer forma é uma ótima canção, apostando na bela voz de Simone e em
uma cadência interessante, tem todo um clima bacana. Não é a melhor, mas com
certeza um grande destaque.
O
Epica tem algumas marcas registradas, e uma delas certamente é as suas baladas.
Sempre belas e sempre emocionantes, e carregadas de feeling. E desta feita não
foi diferente. ‘Delirium’ é uma
genuína balada da banda, que se guia na ótima interpretação de Simone, nas
linhas de teclado de Coen e nas guitarras discretas, porém fundamentais.
Excelente!
Depois
da calmaria vem a tempestade com ‘Internal
Warfare’. Cheia de peso, bateria sempre marcante, grandes riffs e mais uma
vez Simone mandando muito bem. Destaque para as orquestrações e os corais, este
último que é um dos grandes ingredientes do disco, usados deu ma forma ampla,
coerente e excepcional.
A
faixa título é uma das que mais me agradou durante a audição, desde a primeira
vez. Seu início com temas orientais mais uma vez retoma às raízes, fazendo
pensar no distante “The Phantom Agony” (2003). Em seguida começa o
instrumental, mesclando sonoridades antigas com o peso atual de forma precisa.
O refrão é espetacular, usando os corais de forma fantástica, o tornando épico
e grandioso ao extremo. Mark, Simone e Ärien com interpretações
irrepreensíveis. Uma peça grandiosa que consegue ser atual e retrô ao mesmo
tempo, sem cair em mesmices ou autocópias. Individualmente nota 10.
‘Anima’ é aquele interlúdio aleatório
que poderia ser dispensado, sempre aparece. E nele se cola o tiro curto ‘Guilty Demeanor’, uma música bastante
pesada, mas com um andamento um pouco mais lento, o que dá a ela certo ar mais
tenso e nervoso. Simone apresenta uma atuação bastante firme, dentro da vibe da
música. Aparecem poucos guturais, mas são bem encaixados e colaboram com o todo
da faixa.
Mais
uma balada. ‘Deep Water Horizon’ tem
uma porção a mais de peso, quase em um meio termo entre uma balada convencional
e uma música regular. Tem um belíssimo refrão, daqueles de se cantar junto nos
shows. O teclado mais uma vez dita o ritmo, acompanhado por orquestrações mais
discretas, mas bastante atuantes, tem também alguns bons solos e passagens
bastante pesadas. Uma faixa completa e criativa. Em comparação com a anterior,
a próxima não é tão original: ‘Stay the
Course’ é uma música simples e direta, pesada e com um refrão apenas
interessante. Diria ser apenas uma faixa regular de disco do Epica.
Já
‘Deter the Tyrant’ aposta no peso e
na simplicidade soando muito mais interessante. Tem riffs rápidos e cortantes
muito bons. Que parecem até exóticos de certa forma. Os vocais muito
competentes novamente, provendo mais um ótimo refrão a esta já grande coleção.
Aqui e ali se ouvem novamente homenagens ao passado da banda, breves narrações,
riffs e vocalizes. Esta sim uma faixa de destaque. ‘Avalanche’ faz jus ao nome, e muito. Começa baixa e sorrateira,
mas depois desanda numa enxurrada de riffs e de linhas de bateria
avassaladoras. Os corais outra vez fazem um trabalho primoroso, Mark e Simone
dão show e encaminham o final da audição em altíssimo estilo.
E
para fechar com tudo temos a longa ‘Serenade
of Self Destruction’. A típica faixa de encerramento, longa, cheia de
variantes e nuances; orquestrações e certo quê lírico. Fica definitivamente
claro que uma das idéias para este álbum era inserir elementos que remetessem
ao passado, nos corais, em alguns riffs e em vários momentos mais climáticos. E
conseguiram um ótimo resultado, que se encerra em ápice neste grande faixa.
Analisando
as letras nota-se aquilo que comentei lá no começo. Uma abordagem lírica muito
inteligente para os problemas do mundo contemporâneo, um aviso e um alerta,
para que abramos nossos olhos e mudemos o mundo. Curioso pensar que talvez
possamos conectar o tema deste álbum com o do anterior, que falava em construir
seu próprio mundo, e assim construir nosso próprio mundo a partir do que já
temos; um melhor e muito mais humano.
Se
formos analisar friamente, o Epica desde 2007 vem seguindo um tipo de “padrão”
na construção do set list dos discos, com músicas de formato similar e em uma
ordem quase pré-estabelecida. Bem, em circunstâncias normais eu acharia isso um
sério problema e criticaria duramente, porém não posso fazê-lo por uma simples
razão: eles se garantem. As músicas não são repetitivas, são originais e
inventivas, e apenas se encontram em um contexto de padrão, e por isso não são
padronizadas.
Já
me alonguei demais e é hora finalizar: é um ótimo disco, que justifica o posto
em que a banda encontra no cenário da música pesada mundial. Um disco que se
ouve com facilidade, que apesar de longo se deixa fluir naturalmente e não é
nada cansativo. Com certeza há de ser um dos discos de destaque nas listas ao
fim de ano. Um trabalho esmerado, com o selo de qualidade Epica e Sascha Paeth,
e que vai agradar todos os fãs da banda.
Compre
que vale a pena!
Nota 9
O Epica é:
Simone Simons – Vocal
Mark Jansen – Guitarra, vocal
gutural
Coen Jansen – Teclados, piano
Yves Huts – Baixo
Isaac Delahaye – Guitarra
Ärien Van Weesenbeek – Bateria,
vocais guturais
Track List:
- Karma
- Monopoly on Truth
- Storm the Sorrow
- Delirium
- Internal Warfare
- Requiem for the Indifferent
- Anima
- Guilty Demeanor
- Deep Water Horizon
- Stay the Course
- Deter the Tyrant
- Avalanche
- Serenade of Self Destruction
terça-feira, 27 de março de 2012
Blind Guardian - Memories of a Time to Come
Eu sou do tipo de apreciador de música que implica seriamente com coletâneas, Bests Of, Greatest Hits e adjacências, as quais geralmente são lançadas por gravadoras sedentas por sugar ao máximo cada centavo que seus artistas possam vir a arrecadar ou por bandas decadentes que precisam apelar para o passado na intenção de continuarem em destaque. Porém, esta coletânea lançado em janeiro passado pelos alemães do Blind Guardian é algo completamente diferente, muito longe de ser um caça-níquel qualquer, um verdadeiro presente aos seus devotos fãs que angariaram ao longo de vinte e cinco anos de uma bem sucedida carreira.
Seria muito fácil simplesmente pinçar meia dúzia de clássicos e fazer um disco de retrospectiva, sem nenhum atrativo a mais nisso do que uma capa bonitinha. Mas não, o que o Blind Guardian fez foi se enfurnar no estúdio (deles próprios, diga-se de passagem) e re-trabalhar minuciosamente cada uma das faixas selecionadas, criando assim um material que, mesmo não sendo inédito, soasse novo e muitíssimo mais interessante. A proposta é inteligente: pois fazendo novas mixagens, re-trabalhando e até mesmo re-gravado algumas dessas músicas, podemos notar claramente como o som da banda foi mudando no decorrer dessas duas décadas e meia, reconhecendo a sonoridade das raízes assim como todo o clamor épico da atualidade.
Todas as fases do conjunto foram devidamente rememoradas; desde o speed metal tipicamente oitentista dos primeiros trabalhos, passando pelo powermetal que marcou uma geração inteira nos anos noventa até chegar ao que ouvimos atualmente: um som que alia peso, velocidade e um caráter épico impressionante, que se usa intensamente de corais grandiosos e orquestrações de impacto, em um mix único e marcante, que caracteriza o Blind Guardian como uma das bandas mais criativas e originais da atualidade.
Como eu havia mencionado antes, este “Memories of a Time to Come” é um verdadeiro presente aos fãs da banda, que não vão adquirir apenas um trabalho aleatório apenas para ter a coleção completa, mas sim o resultado de um trabalho árduo, que denota respeito e carinho pelos fãs. E ainda mais do que isso: a prova de que eles conseguem se reinventar constantemente, fugindo da mediocridade e do senso comum, pegando algo que já existia e o transformando em algo único e reluzente.
A versão regular traz dois discos com o que melhor os bardos já compuseram (apesar de que, evidentemente, sempre irá faltar essa ou aquela música que pode ser preferida de um fã). O track list não é em ordem cronológica, mas sim seguindo o padrão da banda: as músicas se encaixando perfeitamente, com coerência e sem deixar a audição cansativa. Já a versão deluxe traz os mesmos dois discos e mais um de bônus, que conta com versões novas das jurássicas demos do Lucifer Heritage, primeiro nome da banda, assim como também versões demos de outras músicas da discografia regular.
Como vocês podem muito bem notar, eu sou um imenso fã da banda, um aficionado talvez, e sendo assim adorei todas as faixas do trabalho e prefiro não apontar essa ou aquela como sendo a melhor. Porém eu digo que gostei muito dos remixes de ‘Nightfall’ e ‘The Last Candle’, a nova versão do hino absoluto e indubitável ‘Valhalla’ (obviamente também contando com o lendário pai do powermetal, Kai Hansen); a emocionante versão orquestral de outro hino incontestável, ‘The Bards Song – In The Forest’ e as regravações de ‘The Bards Song – The Hobbit’ e da espetacular, e a minha favorita de todos os tempos, ‘And Then There Was Silence’.
Espero que quem venha a ler estas linhas não me considere tendencioso, um fã que gosta de qualquer coisa que a banda faça mesmo que fosse ruim. Muito pelo contrário, se este fosse apenas um item para arrancar dinheiro dos admiradores da banda, eu seria o primeiro e falar mal e contestar a validade da ideia. Mas não é o caso, pois esta coletânea é na verdade um legado que esses alemães já quarentões prestam aos seus fiéis fãs, aos de longa data e aos que pegaram o bonde andando, um marco importante na jornada de sua carreira, para ser longamente lembrado e celebrado.
Sendo assim, este é um item obrigatório na coleção de todos os fãs da banda. Não faça feio e garanta já o seu que vale muito a pena
Parabéns Blind Guardian! E que venham outros vinte e cinco anos de aventuras pela frente!
Nota 10
O Blind Guardian é:
Hansi Kürsch – Vocais
André Olbrich – Guitarras
Marcus Siepen – Guitarra
Frederik Ehmke – Bateria
Track List:
CD 1
- Imaginations From The Other Side [Remix 2011]
- Nightfall [Remix 2011]
- Ride into Obsession [Remix 2011]
- Somewhere Far Beyond [Remix 2011]
- Majesty [Remix 2011]
- Traveler in Time [Remix 2011]
- The Last Candle [Remix 2011]
CD 2
- Sacred Worlds [Original Version]
- This Will Never End [Remix 2011]
- Valhalla [2011 Version]
- Bright Eyes [Remix 2011]
- Mirror Mirror [Remix 2011]
- The Bard’s Song (In the Forest) [Orchestral Version]
- The Bard’s Song (The Hobbit) [Re-recorded]
- And Then There Was Silence [Re-recorded]
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